Vidro resistente à água é prometedor



Os investigadores da Universidade de Curtin desenvolveram uma nova técnica para tornar o vidro repelente à água, uma caraterística que poderá aumentar a segurança dos veículos, reduzir os custos de limpeza dos edifícios e melhorar os sistemas de filtragem.

A investigação, publicada na prestigiada revista Advanced Functional Materials, mostra como um processo inovador e não tóxico que utiliza ondas sonoras ultra-sónicas pode alterar a superfície do vidro, tornando-o hidrofóbico (resistente à água) ou eletricamente carregado.

O investigador principal, Professor Associado Nadim Darwish, um ARC Future Fellow na Escola de Ciências Moleculares e da Vida (MLS) da Curtin, explica que o processo utiliza ultra-sons para desencadear uma reação química que altera permanentemente a superfície do vidro.

“As ondas sonoras criam bolhas microscópicas numa solução de sal de diazónio, que depois colapsam rapidamente criando pequenas explosões de calor e pressão”, sublinha Darwish.

“Isto desencadeia uma reação que forma uma camada orgânica estável no vidro, tornando-o permanentemente repelente à água ou com carga positiva, dependendo do tipo de sal de diazónio utilizado. Ao contrário dos revestimentos convencionais, que se desgastam com o tempo, o nosso método cria uma ligação química a nível molecular, tornando-o muito mais durável e amigo do ambiente”, acrescenta.

O coautor do estudo, Tiexin Li, um Investigador Associado da Curtin’s School of MLS, disse que a capacidade de modificar as superfícies de vidro de uma forma simples e sustentável tem implicações de longo alcance em várias indústrias.

“O vidro é utilizado em todo o lado – desde carros e edifícios a filtros industriais – mas a sua tendência natural para atrair água limita o seu desempenho”, afirma Li.

“Ao contrário dos revestimentos tradicionais, esta película não se descola, não se dissolve na água nem se deteriora, pelo que é ideal para aplicações reais em que a fiabilidade e a durabilidade são fundamentais. Isto pode significar para-brisas mais claros em caso de chuva intensa e painéis solares que se mantêm sem pó”, adianta.

O coautor Zane Datson, também da Curtin’s School of MLS, destaca outro benefício inesperado – a capacidade do vidro modificado de atrair bactérias, fungos e algas.

“Isto é muito empolgante, pois podemos adaptar as propriedades do vidro para usos específicos, inclusive em sistemas avançados de filtragem e produção de biocombustível”, diz Datson.

“Por exemplo, o vidro revestido pode ajudar a ligar a levedura na produção de cerveja, capturar bactérias em sistemas de filtragem de águas residuais ou atuar como uma barreira química para microorganismos em filtros de ar”, acrescenta.

A equipa de investigação procura agora parceiros industriais para testar e ampliar a tecnologia, em especial nos sectores automóvel, da construção e do ambiente.

O artigo completo intitulado “Sonochemical Functionalization of Glass” (Funcionalização sonoquímica do vidro) pode ser consultado online aqui.





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