Humanos continuam a ser uma das principais causas do declínio dos ouriços-cacheiros na Europa

Mortes por atropelamento, perda de habitat, perturbação causada pelos humanos e a competição das espécies invasoras são alguns dos principais fatores de pressão que estão a causar o declínio das espécies de ouriços-cacheiros que vivem na Europa.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Biological Conservation’, um trio de investigadores do Reino Unido e da Suíça alertam que as populações de ouriços-cacheiros no continente estão em declínio, no que os autores descrevem como “uma tendência desanimadora”. Apesar disso, não estão a ser devidamente monitorizadas, lamentam, algo que contrasta com o interesse cada vez maior que o público tem vindo a demonstrar sobre esses pequenos mamíferos insetívoros, conhecidos pelos seus dorsos cobertos de espinhos e por se enrolarem em bolas quando se sentem ameaçados.
Em outubro do ano passado, por exemplo, duas das cinco espécies de ouriços-cacheiros que ocorrem na Europa, o ouriço-cacheiro europeu (Erinaceus europaeus) e o da espécie Hemiechinus auritus, conhecido pelas suas grandes orelhas, viram os seus estatutos regionais de ameaça agravados, passando de “Pouco Preocupante” para “Quase Ameaçado” e “Vulnerável”, respetivamente.
Estima-se que tanto uma espécie como a outra tenham perdido 30% das suas populações na Europa na última década.
No entanto, as outras três espécies (Erinaceus roumanicus, Erinaceus concolor e Atelirix algirus) parecem ter tendências populacionais relativamente mais positivas, permanecendo como “Pouco Preocupantes” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Ainda assim, os investigadores dizem que para todas essas três espécies a monitorização que está a ser feita é insuficiente, pelo que a falta de dados sobre as suas populações torna difícil avaliar com precisão os seus respetivos estados de conservação.
Os ouriços-cacheiros desempenham importantes papéis ecológicos. Enquanto comedores de insetos, podem ajudar a combater pragas agrícolas e ajudar a manter o equilíbrio dos ecossistemas. Contudo, muitas espécies de Erinacídeos, família a que pertencem estes mamíferos, “recebem relativamente pouca atenção por parte dos investigadores e as populações continuam a ser mal monitorizadas”, escrevem os cientistas no artigo.
Por isso, para que se possa realmente proteger o ouriço-cacheiro, que Sophie Lund Rasmussen, primeira autora do artigo, descreve como “encantador embaixador da natureza”, é preciso intensificar os esforços de estudo sobre a sua ecologia e estado de conservação na Europa. Caso contrário, será difícil travar “o declínio destas espécies importantes e carismáticas”, lê-se no artigo.