Esferas de vidro oferecem uma janela para as profundezas ocultas da Lua



Um estudo internacional que contou com a participação de cientistas da Faculdade de Ciências da Terra e Planetárias e do Centro de Ciência e Tecnologia Espaciais da Universidade de Curtin oferece novas perspetivas sobre a história da Lua e proporciona uma melhor compreensão do que se encontra por baixo da sua superfície cheia de crateras.

Investigadores da Curtin University, da Nanjing University e da Australian National University analisaram minúsculas esferas de vidro verde recolhidas pela Chang’e-5 – a missão da Administração Espacial Nacional Chinesa à Lua.

Normalmente, as esferas de vidro lunares são formadas por impactos que derretem rochas da superfície.

No entanto, as esferas deste estudo apresentavam níveis invulgarmente elevados de magnésio, o que, segundo o Professor Alexander Nemchin, da Escola de Ciências da Terra e Planetárias, indicia uma origem potencialmente mais profunda.

“Estes grânulos de vidro com elevado teor de magnésio podem ter-se formado quando um asteroide embateu em rochas originárias do manto profundo da Lua”, revela o Professor Nemchin.

“Isto é excitante, porque nunca antes tínhamos recolhido amostras do manto diretamente: as minúsculas esferas de vidro oferecem-nos um vislumbre do interior oculto da Lua”, acrescenta.

O coautor, Professor Tim Johnson, também da Escola de Ciências da Terra e Planetárias de Curtin, explica que a química das esferas era diferente da das rochas da superfície lunar amostradas anteriormente.

O Professor Johnson diz que as rochas podem ter sido trazidas do manto da Lua por um impacto maciço.

“Um desses eventos pode ser a formação da Bacia Imbrium, que é uma enorme cratera formada há mais de 3 mil milhões de anos”, aponta.

“A deteção remota mostrou que a área à volta da borda da bacia contém o tipo de minerais que correspondem à química das esferas de vidro”, adianta.

“Isto é um grande passo em frente na compreensão de como a Lua evoluiu internamente; se estas amostras são realmente pedaços do manto, diz-nos que os impactos podem escavar material do manto, de outra forma inacessível, para a superfície”, explica.

O líder do estudo, Professor Xiaolei Wang da Universidade de Nanjing, afirma que a descoberta pode ter implicações mais vastas e influenciar futuras missões à Lua e a outros planetas.

“Compreender como é feito o interior da Lua ajuda-nos a compará-lo com a Terra e outros planetas”, diz.

“Poderá até orientar futuras missões, quer robóticas quer humanas, que tenham como objetivo explorar a geologia profunda da Lua”, conclui.

‘A potential mantle origin for precursor rocks of high-Mg impact glass beads in Chang’e-5 soil’ foi publicado em Science Advances.






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