Fim do investimento nas renováveis seria “erro histórico”



“Seria absolutamente dramático que uma mudança de Governo acarretasse a paralisia dos investimentos que têm sido feitos no sector da energia renovável. Seria um erro histórico”.

As palavras são de Viriato Soromenho-Marques, coordenador científico do programa Gulbenkian Ambiente e que apresentou na semana passada um estudo sobre alterações climáticas coordenado pela European Climate Foundation.

Soromenho-Marques disse que o estudo ajuda a ver que “há aspectos na política pública portuguesa que deverão constituir uma espécie de consenso nacional independentemente do partido ou da coligação de partidos que venha a governar o país”.

O estudo surgiu na sequência dos compromissos assumidos pela União Europeia no âmbito da negociação sobre alterações climáticas, em Dezembro de 2009.

De acordo com Soromenho-Marques, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa implica alterações profundas no sistema económico e produtivo mas, com a aposta em fontes renováveis e na eficiência energética, é uma mudança possível.

Esta é, de resto, a principal conclusão do estudo, que concluiu que é possível reduzir entre 80 e 95% das emissões de gases com efeito de estufa até 2050.

“É possível [fazê-lo]”, explicou ao Público Viriato Soromenho-Marques.

O “Roadmap 2005” parte do know how de especialistas de várias instituições, sobretudo do mundo académico, para averiguar até que ponto poderemos concretizar este projecto ambicioso.

O estudo aponta vários cenários para passar por uma “dependência esmagadora” do petróleo, carvão e do gás natural para um sistema energético que visa, sobretudo, combustíveis renováveis, como a energia hídrica, eólica, solar ou fotovoltaica, biomassa, energia das marés – agora tão falada – ou a geotérmica.

Segundo o responsável, diminuir as emissões de gases com efeito de estufa entre 80 a 95% até 2050 nos 27 países da União Europeia é “uma redução extremamente profunda”, implicando uma mudança de estilo de vida, sistemas económicos, assim como a forma como produzimos, consumimos e transportamos.

Aliás, segundo Soromenho-Marques, para atingir este objectivo é “indispensável” melhorar a eficiência energética para atingir esta meta.





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