Egipto: “Cidade do lixo” relembra problemática do consumo
Parece mentira, mas é verdade, é real, está lá, existe. Poderíamos estar a falar da quantidade de lixo que cada pessoa produz, em média, todos os dias, mas trata-se “apenas” de Garbage City, a “Cidade do Lixo”, localizada nos arredores do Cairo, no Egipto. Agora, é possível sabermos como seria se vivêssemos no meio dos resíduos do nosso próprio consumo.
A estranha, mas fascinante, metrópole é habitada por uma comunidade de trabalhadores, chamados Zabbaleen, que, pessoalmente, recolhem, dividem, reutilizam ou revendem os resíduos produzidos na capital egípcia, num sistema de gestão de desperdícios bastante eficiente. Os restos de alimentos são usados para alimentar o gado, o que pode ser reparado, é, e tudo o resto é reciclado, vendido para sucata ou queimado para combustível.
Os Zabbaleen, ou “gente do lixo”, em árabe, são uma comunidade pobre, mas têm a limpeza na sua tradição há mais de oito décadas. As famílias estão normalmente organizadas por tipo de lixo, não sendo difícil, numa casa, ver as crianças a rastrearam plástico na sala, enquanto as mulheres lidam com o papel nos quartos e os homens dão conta dos resíduos orgânicos, por exemplo.
O Cairo, segundo o site We Make Money Not Art, tem tentado substituir esta massa de trabalhadores independentes pelas grandes corporações multinacionais de resíduos, colocando uma comunidade já empobrecida em risco. Ainda assim, vários fotógrafos têm ficado encantados com Garbage City, registando as suas paisagens, que, de qualquer perspectiva, parece que alguém agarrou num canto do mundo e o agitou impiedosamente.
Em 2009, o governo egípcio ordenou uma matança generalizada de porcos, nomeadamente aqueles que eram alimentados pelos Zabbaleen com resíduos orgânicos, com o objectivo de reduzir o potencial de propagação da gripe suína, mais tarde chamada de gripe A. O resultado acabou por ser caótico na cidade do Cairo, que se transformou no império do lixo nas ruas, uma vez que os Zabbaleen deixaram, durante o mês de Setembro, de fazer o seu trabalho.