Número de grandes predadores está a aumentar na Europa



Nas florestas – e subúrbios – da Europa ecoam os grunhidos, uivos e fome silenciosa dos grandes predadores que, de acordo com um novo estudo, estão a aumentar de número.

Publicado na revista científica Science e elaborado por uma vasta equipa de investigações de vários centros e universidades europeias, o estudo indica que o número de predadores como o urso-pardo, o lobo, o lince ou o glutão está a aumentar, contradizendo assim os receios de que os grandes carnívoros do velho continente estão condenados à extinção devido ao aumento da população humana.

Os ursos-pardos, lobos, glutões e linces podem ser encontrados em quase um terço do território da Europa, com a maioria dos animais a viver fora de reservas ou outras áreas protegidas. Tal indica que a mudança de atitude humana e medidas de conservação às escala de grandes paisagens estão a ter um efeito positivo na conservação destas espécies, que ao longo da história sofreram uma perseguição intensiva.

Os ursos são o maior predador do continente e estima-se que existam 17.000 animais em estado selvagem. Os lobos são o segundo predador mais numeroso, com uma população de 12.000, seguidos dos linces europeus, cerca de 9.000, e dos 1.250 glutões – sendo que estes últimos estão confinados ao norte da Escandinávia e da Finlândia.

Apenas a Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Luxemburgo não têm uma população reprodutora de pelo menos uma destas espécies de carnívoros. Porém, os investigadores indicam que a surpreendente distribuição destes animais por regiões bastante povoadas do continente indicam que mesmo estas áreas podem vir a suportar estas espécies.

Guillaume Chapron, um dos investigadores participantes do estudo, indica que foram encontrados lobos a viver em áreas suburbanas, lado a lado com até 3.050 pessoas por quilómetro quadrado. Em média, os lobos europeus vivem em áreas com uma densidade populacional de 37 pessoas por quilómetro quadrado, os linces com 21 pessoas e os ursos com 19 pessoas por quilómetro quadrado.

“Para temos lobos não é necessário remover as pessoas do seu habitat”, explica o investigador ao Guardian. Segundo o investigador, o aumento do número de carnívoros traduz o sucesso de um modelo de conservação de partilha de habitats – em comparação com a tendência de manter os predadores em áreas protegidas com pouco ou quase nenhum contacto humano que existe na América do Norte e em África.

As razões para o sucesso deste modelo de conservação europeu prende-se com a estabilidade política, grandes populações de presas, como os veados selvagens, e financiamento para a colocação de vedações que não firam os predadores. Mas a medida mais crucial de todas, como refere a investigação, é a directiva europeia que obriga dos Estados-membros a proteger as espécies raras.

Foto: davidnolan4 / Creative Commons





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