Apagão: Ministra diz que não falou mais cedo por estar a trabalhar mas oposição critica comunicação do Governo

A ministra do Ambiente e Energia justificou hoje que não falou mais cedo sobre o apagão de segunda-feira porque estava a trabalhar, depois de a oposição ter criticado a comunicação do Governo.
No encerramento de um debate na Comissão Permanente da Assembleia da República – a última desta legislatura -, Maria da Graça Carvalho assegurou que o Governo recolheu o “máximo de informação” sobre o apagão de segunda-feira desde a primeira hora, afirmando que não compareceu mais cedo perante as câmaras de televisão” porque “estava a trabalhar”.
“Tinha a responsabilidade de cinco áreas críticas: eletricidade, água, saneamento básico, combustíveis e gás. Entre as 11h33 de dia 28 e as 11h30 de terça-feira, durante 24 horas, ininterruptamente, estive em articulação com a REN, E-Redes, companhias das águas e diversas outras entidades para assegurar o pleno restabelecimento da energia elétrica e o mínimo de perturbações nas outros serviços essenciais”, acrescentou, numa resposta às críticas do deputado socialista Pedro Vaz.
Pedro Vaz tinha acusado o Governo de ter ficado “sem energia”, obrigando as “estruturas do Estado, sociedade civil e cidadãos” a substituí-lo “naquilo que era sua tarefa”, e disse também que as ministras do Ambiente e Energia, da Administração Interna e da Modernização e Juventude “ficaram a ver”.
A ministra garantiu ainda que o Governo está a trabalhar nos “desafios já identificados” na capacitação dos sistemas elétricos, com investimentos na modernização das redes de transporte, o aumento do armazenamento de eletricidade através de baterias e o reforço das “interligações energéticas, especialmente da Península Ibérica com França”.
Durante o período de intervenções dos partido, o social-democrata Salvador Malheiro, que reconheceu falhas de comunicação ao longo daquele dia, elogiou a prestação do Governo, que considerou ter sido “presente, competente e eficiente”.
João Almeida, do CDS-PP, lamentou que a oposição não tenha demonstrado “a mesma elevação que tiveram os cidadãos” e criticou em particular o PS, a quem “é mais difícil recuperar bom senso” do que foi ao país recuperar a energia elétrica na segunda-feira.
Os elogios à atuação do executivo ficaram, no entanto, por aí, e da esquerda à direita as bancadas parlamentares levantaram preocupações com a segurança e soberania nacionais.
Pelo Chega, Rita Matias disse ter falhado a soberania e segurança energética, a emergência, o SIRESP, e o planeamento. “Esta crise é o resultado de décadas de desgovernação”, acrescentou, com críticas à transição energética que, defende, “não pode ser feita à custa da resiliência do sistema”.
Rodrigo Saraiva, da IL, centrou a sua intervenção na questão da segurança e defendeu a necessidade de um “conceito legal de segurança nacional” e sublinhou que, apesar de se ter tratado de uma crise sem vítimas, é importante reconhecer o que “correu menos bem e os riscos que existiram”.
“O país não está preparado para fenómenos extremos”, disse, por outro lado, Mariana Mortágua, do BE, referindo-se ao impacto das alterações climáticas, mas também à necessidade de assegurar que setores estratégicos nacionais, como a REN – Redes Energéticas Nacionais, não estão sob a dependência de operadores estrangeiros.
Na mesma linha, a comunista Paula Santos defendeu que o controlo público do sistema energético é a única maneira de assegurar um sistema “articulado, coerente e eficaz e a resposta estrutural para garantir a segurança e a soberania energética”.
Paulo Muacho, do Livre, deixou sobretudo críticas à intervenção da deputada do Chega, argumentando que “tentar regressar a fontes de energia fóssil seria uma retrocesso” e afirmou que esta deve ser uma oportunidade para debater a transição energética.
Inês de Sousa Real, do PAN, apelou ao Governo disponibilidade para rever a legislação de forma a garantir que as infraestruturas estão adaptadas a fenómenos climáticos extremos.