Arrefecimento sustentável pode poupar biliões e cortar emissões até 2050
Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) alerta que a procura global de arrefecimento deverá triplicar até 2050, impulsionada pelo crescimento populacional, aumento da riqueza e eventos de calor extremo. Se forem mantidas as práticas atuais, as emissões associadas ao arrefecimento podem quase duplicar, atingindo 7,2 mil milhões de toneladas de CO₂ equivalente e sobrecarregando as redes elétricas.
A adoção de um “Caminho para o Arrefecimento Sustentável”, que combina técnicas passivas, soluções híbridas de baixo consumo energético e equipamentos de alta eficiência, poderia reduzir as emissões em 64%, proteger três mil milhões de pessoas do calor extremo e poupar até 43 biliões de dólares em custos de energia e infraestruturas até 2050.
Segundo Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, “o acesso ao arrefecimento deve ser tratado como infraestrutura essencial, tal como água e energia. Soluções passivas e eficientes podem proteger pessoas, cadeias alimentares e economias, sem agravar a crise climática.”
O relatório destaca ainda que quase dois terços das reduções de emissões vêm de soluções passivas e de baixo consumo, que são acessíveis e fundamentais para expandir o acesso ao arrefecimento a três mil milhões de pessoas até 2050.
A iniciativa Beat the Heat, que envolve mais de 185 cidades e 83 parceiros, procura implementar localmente a Global Cooling Pledge, uma promessa de 72 países para reduzir as emissões do setor em 68% até 2050.
Apesar dos avanços, as políticas globais ainda são desiguais: apenas 54 países têm medidas abrangentes que cubram arrefecimento passivo, normas mínimas de eficiência energética e transição de refrigerantes, com lacunas significativas em África e na Ásia-Pacífico, regiões que enfrentarão maior aumento da procura por arrefecimento.
O relatório recomenda passar de respostas de emergência a políticas proativas, tratar o arrefecimento como bem público e priorizar soluções passivas e baseadas na natureza, como planeamento urbano e criação de zonas verdes, para reduzir o calor e aliviar a pressão sobre as redes elétricas.