As fêmeas destes insetos podem estar a usar as suas pinças como “armas”, tal como os machos

As bichas-cadelas são pequenos insetos de corpos escuros que não medem mais do que uns poucos centímetros. Podem ser encontrados em várias regiões do mundo, incluindo na Europa e em Portugal, e são especialmente conhecidos por terem apêndices tipo “pinças” no fim dos seus abdómens.
Embora tanto machos como fêmeas tenham essas pinças, e se saiba que os primeiros as usam como armas para lutarem com outros machos por parceiras, a função exata das pinças nas fêmeas não era clara. Contudo, uma equipa de investigadores acredita que também elas as usam para competir com outras fêmeas por parceiros.
Estudando a anatomia da Anisolabis maritima, uma espécie de bicha-cadela que vive nas zonas costeiras e em estuários e que se pensa ser nativa do Mediterrâneo onde foi descrita pela primeira vez em 1832, Junji Konuma, da Universidade de Toho, no Japão, e um dos principais autores do artigo a ser publicado na revista ‘Biological Journal of the Linnean Society’, explica que tanto os machos como as fêmeas têm pinças desproporcionalmente grandes face ao tamanho dos seus corpos.

Essa constatação leva os cientistas a crer que os apêndices são fruto da seleção sexual e, por isso, desempenham um papel na procura e escolha de parceiros. Há, no entanto, diferenças: ao passo que os machos têm pinças grossas, curtas e curvas, as fêmeas têm-nas mais finas, longas e direitas. Por isso, há um “claro dimorfismo sexual”, argumentam os investigadores.
E há mais traços distintivos. Por um lado, quanto maiores são os machos, maior é a distância entre as suas pinças, e, por outro, quanto maiores são as fêmeas mais longas são as suas tenazes.
Assim, “estes resultados sugerem que, ainda que os sexos possam diferir na forma dos fórceps, ambos podem tê-los desenvolvido como armas, embora de formas diferentes”, concluem os cientistas.
Recordando que estudos anteriores já tinham mostrado que as bichas-cadelas fêmeas competem umas com as outras por machos mais pequenos e menos agressivos, Konuma avança que esta investigação parece indicar que “os fórceps das fêmeas podem ter evoluído como armas eficazes para tais competições”.
“Embora a maioria das investigações anteriores se tenham focado apenas nos machos, o nosso estudo salienta a importância de também se considerar os traços femininos no estudo da evolução das morfologias dos insetos”, sublinha.