Barragem no centro de Moçambique vai receber central solar flutuante de 100 MW



A empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) prevê construir uma central solar flutuante com capacidade para 100 MegaWatts (MW) na albufeira de Chicamba, província de Manica, no centro do país, segundo informação da elétrica estatal consultada hoje pela Lusa.

De acordo com a mesma informação, o Estudo de Impacto Ambiental do projeto está em consulta pública até agosto e o mesmo será financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), através do SEFA (Sustainable Energy for Africa).

Trata-se de um financiamento, segundo informação do BAD, de 2,5 milhões de dólares (2,3 milhões de euros) que vai ainda apoiar a EDM na implementação de um sistema de armazenamento da energia produzida no empreendimento, a construir na albufeira daquela barragem, construída no período colonial no distrito de Sussundenga.

Moçambique contava no ano passado com projetos para centrais solares de 125 MW, com 80 MW já ligados à rede.

A produção de eletricidade através de parques solares em Moçambique cresceu quase 14% no primeiro trimestre do ano, mas ainda garante menos de 0,5% do total, indicam dados oficiais noticiados anteriormente pela Lusa.

De acordo com o relatório da execução orçamental de janeiro a março, a produção de eletricidade em seis grandes parques solares do país, e por outras centrais mais pequenas, ascendeu neste período a 19.688 MegaWatts-hora (MWh), contra os 17.328 MWh nos primeiros três meses de 2023.

Apesar do crescimento da produção, os parques solares garantiram apenas 0,4% da produção total em Moçambique no primeiro trimestre, que foi liderada pelos aproveitamentos hidroelétricos, com 84,6%, e essencialmente a Hidroelétrica de Cahora-Bassa (82,2% da produção total de eletricidade até março).

Moçambique prevê avançar até 2030 com centrais solares em pelo menos cinco pontos do país, estimando introduzir na rede uma capacidade de 1.000 MW de produção elétrica, prometendo uma “verdadeira revolução solar”.

“Acelerar este tipo de projetos para uma escala maior é a forma mais simples de resolver o dilema estratégico de Moçambique após 2030: ter de escolher entre energia verde para exportação ou fornecer energia aos consumidores industriais”, segundo a Estratégia de Transição Energética (ETS), noticiada pela Lusa em fevereiro.

A nova estratégia, que prevê investimentos de cerca de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) até 2050, prevê que Moçambique irá desenvolver, numa primeira fase, até 2030, “pelo menos” 1.000 MW de nova capacidade solar fotovoltaica em Dondo, Lichinga, Manje, Cuamba, Zitundo e outros locais “a identificar”, e 200 a 500 MW de nova capacidade de energia eólica `onshore`, nomeadamente em Inhambane, Lagoa Pathi.

“Os grandes investidores industriais que necessitam de grandes quantidades de eletricidade verde devem ser incentivados, através de um ambiente empresarial e regulamentar favorável, a desenvolver projetos de energia solar e eólica em grande escala”, acrescenta-se no documento.

Até 2050, o objetivo é de ter pelo menos 7,5 GW de capacidade solar fotovoltaica instalada em Moçambique e até 2,5 GW de capacidade de energia eólica.

“Para garantir a otimização dos preços e acelerar a expansão da capacidade solar e eólica, o Governo deve basear-se no Programa de Leilões de Energias Renováveis em Moçambique”, cujos princípios introduziram “a concorrência na adjudicação de contratos de energias renováveis”, refere o documento.

“O rápido crescimento da expansão solar na África do Sul após a introdução dos leilões é um exemplo regional a seguir”, destaca o ETS, que sublinha ainda iniciativas de “longo prazo”.

“Continuar a desenvolver gradualmente o mais recente potencial de geração solar e eólica para satisfazer a crescente procura de eletricidade. Será necessária uma verdadeira `revolução solar` para satisfazer o crescente consumo de Moçambique de uma forma limpa”, refere o documento.





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