Borboletas diurnas são mais seletivas no que comem do que as que estão ativas à noite



Os odores libertados pelas plantas são fundamentais para determinar se as dietas das borboletas e das mariposas são mais ou menos seletivas.

Investigadores dos Estados Unidos da América e de Taiwan revelam que esses insetos alados, membros do grupo conhecido como Lepidoptera, que estão ativos durante o dia são mais “picuinhas” no que toca ao que comem.

Como durante o dia existe uma maior quantidade de aromas no ar, libertados pelas plantas, as borboletas e as mariposas têm ao seu dispor muito mais informação sobre as fontes de alimento disponíveis e, por isso, podem escolher as que mais lhes agradam, tornando-se mais especializadas.

Os lepidópteros noturnos, por outro lado, estão ativos quando muito menos aromas viajam no ar, pelo que não se podem dar ao luxo de serem demasiado seletivos, aproveitando as fontes de alimento que encontrarem. Como tal, têm dietas mais variadas.

Os investigadores, que publicaram as descobertas na revista ‘Proceedings of the Royal Society B’, batizaram esta ideia como a “Hipótese do Aroma Saliente” (‘Salient Aroma Hypothesis’, no inglês original).

“Esta ideia fornece uma nova perspetiva sobre a razão pela qual algumas borboletas e mariposas são mais picuinhas com o que comem e outras não o são”, diz, em comunicado, Po-An Lin, investigador da Universidade Nacional de Taiwan e primeiro autor do estudo. Além disso, acrescenta o cientista, o estudo destaca o papel central que os aromas das plantas desempenham “na modelação das interações inseto-planta e das adaptações evolutivas”.

Ao analisarem as antenas – órgãos sensoriais com os quais os lepidópteros captam os odores – de 582 espécimes de 94 espécies de borboletas e mariposas, os investigadores perceberam que as fêmeas que estão ativas durante o dia têm antenas maiores, relativamente ao tamanho do seu corpo, do que as que estão ativas durante a noite.

A equipa sugere que lepidópteros mais seletivos têm de ter antenas maiores para poderem captar os aromas das espécies de plantas nas quais se especializaram. Por outro lado, os mais generalistas tendem a ter antenas mais curtas.

“A capacidade melhorada pode ser uma adaptação-chave para a forma como alguns lepidópteros evoluíram para se alimentarem de um leque limitado e específico de plantas”, explica Gary Felton, da Universidade Estadual da Pensilvânia e um dos principais coautores do artigo.

Para Po-An Lin, os resultados da investigação são “um exemplo fascinante de como as plantas, através das suas emissões químicas, desempenharam um papel direto na evolução dos insetos que dependem delas”.






Notícias relacionadas



Comentários
Loading...