Cientistas descobrem plástico muito perto do Pólo Norte
Uma expedição liderada pelo biólogo marinho britânico, Tim Gordon, descobriu grandes pedaços de poliestireno em blocos de gelo no meio do Oceano Árctico.
O poliestireno é uma resina do grupo dos termoplásticos, muito usada pela sua flexibilidade sob a acção do calor em copos descartáveis e embalagens. Ou seja, esta “é uma descoberta deprimente”, como relata o The Guardian, a apenas 1.000 milhas do Pólo Norte, num local que até há pouco tempo era inacessível aos cientistas por causa do mar de gelo.
É a primeira vez que se detectam detritos tão a Norte o que, segundo a equipe constituída por cientistas do Reino Unido, dos EUA, da Noruega e de Hong Kong, confirma até que ponto a poluição se espalhou. Com o aquecimento global e o degelo, os resíduos de plástico estão a fluir para o Árctico. E simultaneamente o descongelamento está a libertar resíduos de plástico que estavam há muito tempo presos no gelo.
“Exploro o Ártico há 25 anos e nunca vi pedaços de lixo tão grandes e tão visíveis”, disse Pen Hadow, o explorador britânico que estava a tentar ser o primeiro a navegar até ao Pólo Norte, citado pelo jornal. Esta expedição pioneira – que usava dois iates e nenhum sem quebra-gelo – navegou mais a Norte nas águas internacionais do oceano Árctico do que qualquer outra tentativa de navegação anterior. As taxas de derretimento do gelo aumentaram dramaticamente devido às alterações climáticas, com 40% do Oceano Árctico central a ser agora navegável durante o Verão.
“Encontrar blocos de plástico como este é um sinal preocupante de que o derretimento do gelo pode permitir que elevados níveis de poluição se espalhem nessas áreas”, sublinha Gordon. “Isso é potencialmente muito perigoso para a vida selvagem do Árctico”.
Algumas projecções indicam que todo o Oceano Árctico estará livre de gelo no verão até 2050, o que vai trazer novas ameaças. “A vida selvagem costumava ser protegida por uma camada de gelo marinho durante todo o ano”, explica o biólogo da Universidade de Exeter. Com o degelo, “este ambiente vai estar exposto à pesca comercial, transporte e indústria pela primeira vez na história. Precisamos considerar seriamente a melhor forma de proteger os animais do Árctico contra essas novas ameaças. Ao fazê-lo, vamos dar-lhes uma chance de se adaptar e responder ao seu habitat em rápida mudança “.
Foto: Arctic Mission (via Facebook)