Dois adolescentes belgas detidos com 5.000 formigas vivas acusados de tráfico de vida selvagem no Quénia

Dois adolescentes de nacionalidade belga, com 19 anos, foram acusados de tráfico ilegal de vida selvagem depois de, no passado dia 5 de abril, terem sido detidos pelas autoridades do Quénia na posse de cerca de 5.000 formigas vivas transportadas em tubos de plástico.
De acordo com comunicado do Serviço de Vida Selvagem do Quénia, os jovens deram-se como culpados no passado dia 14 de abril no que as autoridades descrevem como “um caso emblemático envolvendo tráfico ilegal e biopirataria de formigas vivas”. Entre as espécies apreendidas contou-se a Messor cephalotes, uma espécie nativa do Quénia e “ecologicamente importante”, segundo a mesma fonte oficial.
4 SUSPECTS PLEAD GUILTY IN LANDMARK CASE OF LIVE ANT SMUGGLING pic.twitter.com/kPrv8cWzSz
— Kenya Wildlife Service (@KWSKenya) April 14, 2025
Os tubos em que as formigas eram mantidas foram especialmente concebidos para evadir a deteção pelas autoridades aeroportuárias, incluindo os aparelhos de raios-X, diz o Serviço de Vida Selvagem queniano. Os acusados colocaram algodão nos tubos para aumentar a probabilidade de sobrevivência dos animais, algo que as autoridades entendem como sendo prova de “uma operação de tráfico premeditada e bem executada”.
As autoridades quenianas avançam ainda que os adolescentes belgas planeavam vender as formigas nos mercados negros de animais de estimação exóticos a Europa e a Ásia, “onde a procura por espécies raras de insetos está a crescer”, lê-se em nota. Além disso, entende-se que este caso representa “uma alteração nas tendências de tráfico – de grandes mamíferos icónicos para espécies menos conhecidas mas ecologicamente críticas”, diz o Serviço de Vida Selvagem do Quénia, que, por isso, apela ao reforço das medidas de combate ao tráfico ilegal.
Paralelamente ao processo dos jovens belgas, outros dois homens – um de nacionalidade queniana e outro oriundo do Vietname – foram acusados do mesmo crime contra a vida selvagem, tendo sido detidos na posso de 400 formigas.
A recolha e exportação não autorizadas de formigas nativas, salienta a agência queniana de proteção da vida selvagem, “não só mina os direitos soberanos do Quénia sobre a sua biodiversidade, mas também priva as comunidades e instituições de investigação locais de potenciais benefícios ecológicos e económicos”.
A sentença deverá ser determinada numa próxima sessão, mas ainda não há informações oficiais sobre quando acontecerá.