Ecossistemas de água doce na Europa estão em crise e cientistas pedem ação urgente



Os ecossistemas de água doce são ‘pontos quentes’ de biodiversidade, fornecendo habitat a uma grande variedade de espécies de animais e plantas e sendo fundamentais para as teias tróficas e para o equilíbrio ecológico.

No entanto, uma equipa internacional de dezenas de investigadores, incluindo Maria João Feio e Manuel Graça, do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, alertam para uma estagnação do ritmo de recuperação destes ecossistemas na última década e pedem ação urgente para travar e reverter as perdas de biodiversidade.

Através da análise das tendências de populações de invertebrados de água doce em 22 países europeus, os cientistas verificaram que entre 1968 e a década de 2010 houve “aumentos notáveis” na riqueza e abundância de espécies. Mas a partir de então, “o ritmo de recuperação desacelerou significativamente”.

Num artigo divulgado recentemente na revista ‘Nature’, a equipa aponta que na última década “padrões alarmantes” começaram a surgir em comunidades de organismos de água doce localizadas a jusante de barragens, de áreas urbanas e de explorações agrícolas. A redução da capacidade de recuperação foi também detetada em locais que estão a experienciar grandes aumentos de temperatura, onde hoje existe menos biodiversidade do que anteriormente, o que os cientistas dizem ser mais uma evidência dos impactos das alterações climáticas nos ecossistemas de água doce.

Por isso, os autores argumentam que são precisas mais medidas para combater os fatores que estão a ameaçar esses “ecossistemas vitais”, para evitar o seu colapso.

Ainda que reconheçam que os ganhos de biodiversidade observados entre os anos 1990 e 2000 possam ser atribuídos à implementação de medidas para combater a poluição e a acidificação dos cursos de água doce, os investigadores salientam que a desaceleração da recuperação a partir dos anos 2010 revela que as medidas precisam de ser reforçadas.

“Infelizmente, à medida que o número e os impactos dos fatores de stress continuam a aumentar em todo o mundo, as melhorias resultantes de legislação que foi aplicada estão a perder força, e os sistemas de água doce mantêm-se degradados em muitos locais”, dizem os especialistas em comunicado.

“Com as ameaças persistentes e emergentes representadas pelas alterações climáticas, pelas espécies invasoras e por novos poluentes, o estudo apela a um foco imediato e intensificado em estratégias de mitigação para rejuvenescer a recuperação da biodiversidade de água doce”, salientam.





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