Elefantes percebem o significado de apontar



Os humanos apontam para os objectos sem dar muita atenção ao gesto, que até é complexo. Ao esticar um dedo, damos às outras pessoas a possibilidade de saberem ao que nos referimos. Quando os cientistas testam esta capacidade noutras espécies, percebem que perceber o gesto de apontar é um dom raro no reino animal. Contudo, Richard Byrne, biólogo da Universidade de St Andrews, e a aluna Anna Smet afirmam ter descoberto um animal selvagem que percebe o significado de apontar: o elefante.

O estudo em causa levanta a possibilidade de os elefantes terem uma profunda inteligência social que rivaliza com a dos seres humanos, em alguns aspectos. Os investigadores usaram um teste simples, mas eficaz, para ver se os animais entendiam o gesto de apontar – colocaram alimentos num de dois recipientes idênticos e, de seguida, apontaram silenciosamente para o que tinha a comida.

Enquanto a maioria dos primatas e outros animais submetidos ao teste falham, alguns executam-no com sucesso – é o caso dos mamíferos domesticados. Os cães revelaram-se especialmente bons na compreensão do gesto.

Mas, em meados da década de 2000, Byrne começou a questionar se os elefantes também conseguiriam passar no teste. O caminho lógico seria realizar o teste de apontar com os elefantes e foi isso que a dupla fez, no ano passado.

Anna Smet viajou para o Zimbabwe, onde uma empresa chamada Wild Horizons oferece safaris com elefantes. Todas as manhãs, cada animal assistia Smet a colocar peças de fruta num de dois baldes iguais através de uma tela, sem perceber qual dos dois recebia o conteúdo. De seguida, Smet trazia os baldes para junto do animal e apontava para o que continha a fruta.

Durante dois meses, Smet repetiu o teste com 11 elefantes. Quando analisaram os dados mais tarde, os investigadores perceberam que os animais escolheram o balde do lado direito 67,5% das vezes. Estes seguiam Smet tanto se ela estendesse todo o braço como apenas a mão. E quando ela simplesmente ficava entre os baldes, sem apontar, os elefantes tocavam-nos de forma aleatória.

Segundo o New York Times, os cientistas descartam a hipótese de que os animais aprenderam a associar o gesto de apontar a alimentos ao longo dos testes, uma vez que foram bem-sucedidos desde o início da experiência.

Byrne e Smet pretendem agora investigar se os elefantes selvagens também apontam uns para os outros. “Isto faz-nos querer rever os sinais visuais de elefantes para elefantes”, disse Smet.

Byrne também se revelou curioso por saber se outros mamíferos selvagens altamente sociais conseguem passar no teste de apontar – as baleias e os golfinhos estão no topo da sua lista.





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