Estes vermes criam “torres vivas” para apanharem boleia quando a comida escasseia



Os vermes da espécie Caenorhabditis elegans medem, quando adultos, cerca de um milímetro. Por isso, quando as condições em que vivem se tornam duras, devido à falta de alimento, por exemplo, moverem-se para outros locais pode ser uma tarefa hercúlea.

No entanto, um grupo de cientistas descobriu que esses pequenos invertebrados têm um superpoder secreto para darem a volta à situação: juntam-se em grandes números e formam o que chamam de “torres vivas” semelhantes a tentáculos que lhes permitem aceder a outros locais ou a apanharem boleia de animais.

Num artigo publicado esta semana na revista ‘Current Biology’, investigadores do Instituto Max Planck do Comportamento Animal dizem ter registado, pela primeira vez, esse comportamento de peculiar cooperação em regime selvagem, ou seja, para lá das paredes dos laboratórios. Em maçãs e peras caídas e já em estado de decomposição num pomar na cidade de Konstanz, na Alemanha, os cientistas conseguiram as primeiras filmagens de “torres vivas” de vermes na Natureza.

Recordando o momento em que viu as imagens que lhe foram enviadas pelo coautor Ryan Greenway, Serena Ding, que liderou a equipa, diz que “fiquei extasiada quando vi estas torres naturais pela primeira vez”.

“Durante muito tempo, torres naturais de vermes existiam apenas na mossa imaginação”, refere, “mas, com o equipamento certo e com muita curiosidade, encontrámo-las escondidas à vista de todos”.

Para aqueles que pensam que essas formações nada mais são do que conjuntos de vermes, Daniela Perez, primeira autora do estudo, explica que, na verdade, se trata de “uma estrutura coordenada, um superorganismo em movimento”.

Apoiados uns nos outros, os vermes C. elegans são capazes de se esticarem, levantando no ar vários indivíduos, e de se “colarem” a animais que passam, como moscas-da-fruta (Drosophila melanogaster), que os levarão para outras paragens onde as condições, com sorte, serão mais favoráveis.

E essas torres podem também servir como “braços” para locomoção, formando pontes que ajudam esses animais a transporem brechas entre um espaço e outro, sem terem de, individualmente, se deslocarem por grandes distâncias para contorná-las.

Os cientistas acreditam que estes resultados podem ajudar a aprofundar o conhecimento sobre a evolução do comportamento cooperativo nos animais, tais como os bandos de aves e os enxames de insetos.

“O nosso estudo abre todo um novo sistema para explorar como e porquê os animais se movem em conjunto”, afirma Serena Ding. “Ao fazer uso das ferramentas genéticas disponíveis para o C. elegans, temos agora um modelo poderoso para estudar a ecologia e a evolução da dispersão coletiva.”






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