Frio mata milhares de peixes nos EUA, Brasil e Nova Zelândia
As mortes misteriosas de animais não têm dado descanso aos defensores das teorias da conspiração ou do fim do mundo. Depois dos mais de cinco mil pássaros que caíram do céu nos EUA e, posteriormente, na Suécia, aparecem agora casos de milhares de peixes mortos nos Estados Unidos, no Brasil e na Nova Zelândia. O frio, especialmente intento neste Inverno, pode ser o causador de tanta mortandade.
Ao mesmo tempo que Beebe, no Arkansas, via uma “chuva de pássaros” na noite de Ano Novo, o mesmo Estado norte-americano observou cem mil peixes mortos, num rio perto daquela cidade. A 4 de Janeiro, em Chesapeake, Maryland, apareceram dois milhões de peixes mortos, em águas de “qualidade aceitável”. No Paranaguá, no Brasil, já foram encontradas cem toneladas de sardinhas e bagres desde o passado dia 30 e, na Nova Zelândia, no dia 4 de Janeiro, centenas de peixes foram encontrados mortos na praia da Península Coromandel. Finalmente, no Reino Unido, 40 mil caranguejos cobriram as praias de Kent.
As autoridades norte-americanas suspeitam de uma diminuição brusca da temperatura da água, que, no mês passado, o mais frio dos últimos 25 anos, chegou aos 0,5 graus. O Instituto Ambiental do Paraná, no Brasil, por sua vez, recolheu amostras dos peixes e deverá anunciar a causa da sua morte nos próximos dias, mas o Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná acredita que as mudanças de temperatura causaram uma concentração de algas que produzem toxinas.
Na Nova Zelândia, o Departamento de Conservação concluiu que os peixes estavam a morrer de fome, devido ao mau tempo que se faz sentir no país, causado pelo fenómeno La Niña. A 23 de Dezembro, o mesmo organismo alertava para o perigo que corriam milhares de pinguins e outras aves marinhas na costa neo-zelandesa, que não estavam a conseguir alimentar-se, ou às suas crias, devido à falta de peixe, causada pelas alterações nos padrões climáticos.
A Agência de Ambiente britânica está a investigar o caso dos caranguejos mortos em Kent, mas as condições meteorológicas poderão ser a explicação, uma vez que o mês passado foi o Dezembro mais frio no país, desde que há registos. A temperatura terá causado hipotermia aos animais, avança a BBC.
Estes “fenómenos são relativamente naturais e não têm proporções muito significativas”, considera o investigador do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Henrique Cabral, em declarações ao Público. O frio e um choque térmico baixam o metabolismo dos peixes e podem congelar os fluidos internos e a massa muscular, no entanto, o fenómeno tem mais probabilidades de acontecer em lagos rios ou no mar a pequenas profundidades, uma vez que, em mar alto, não se registam grandes alterações de temperatura. Em Portugal, avança o cientista, não registo de casos de mortalidade de peixes devido ao frio.