iREC e Porta-a-Porta: economia circular com as pessoas no centro
Por: Luís Almeida Capão, Presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente
Mil utilizadores registados, 1700 embalagens devolvidas, das quais 97% são PET. Estes foram os números que recebemos na Cascais Ambiente, cinco dias depois de termos inaugurado as máquinas do sistema iREC. O dia 15 de janeiro de 2021 ficará na memória de muitos portugueses pelo início do segundo grande confinamento. Para Cascais, esta data fica marcada também por mais um avanço no caminho que o concelho tem vindo a trilhar em direção à sustentabilidade.
Preparar o lançamento de um projeto piloto, com vista a desenvolver novos hábitos de reciclagem, enquanto o país se preparava para reduzir todo o tipo de atividades, fez-nos ter dúvidas sobre o timing, a pertinência, a eficácia.
Mas não quisemos parar. Cinco dias depois de uma inauguração sem pompa, os primeiros dados que nos chegavam do novo sistema de depósito de embalagens de bebidas com retorno eram muito animadores. As 10 máquinas iREC instaladas no Concelho de Cascais estavam a ser utilizadas pelos munícipes que, em troca, recebem pontos para utilizar em serviços e produtos de Cascais.
O iREC é um projeto piloto, de pequena escala, que como todos os pilotos nos permite testar soluções e tirar aprendizagens para replicar no futuro. Quando, em 2022, o sistema de depósito de embalagens de bebidas com retorno for obrigatório por lei, estaremos em condições de facilitar aos retalhistas e aos cidadãos um conjunto de boas práticas a seguir, de forma a conseguir melhores resultados. O iRec está já a ajudar a introduzir este sistema, integrando todos os stakeholders da cadeia de produção, numa lógica de economia circular que reduz o impacto das embalagens de plástico, vidro e metal. O círculo perfeito completa-se quando a necessidade de matéria-prima absorver as embalagens vazias e a indústria as utilizar com a menor transformação possível.
Nada disto seria possível sem os cidadãos. Em Cascais, é cada vez mais evidente que as pessoas têm de estar no centro das políticas ambientais. É por isso que, nas aldeias de Birre e Cobre, o projeto piloto de recolha seletiva Porta-a-Porta começa na sensibilização. As equipas da Cascais Ambiente visitam as habitações, fazem o diagnóstico das condições e necessidades e oferecem às famílias dois contentores – um amarelo e um azul, de forma a que seja ainda mais fácil separar e reciclar.
Esta operação vai envolver um total de 987 agregados que poderão fazer uma gestão personalizada dos seus resíduos recicláveis e acontece depois de ter sido verificada uma prevalência significativa de plástico e papel no lixo indiferenciado, neste território de moradia unifamiliares muitos dispersas no espaço.
Os 18 ecopontos já existentes ficarão reforçados e a capacidade total de depósito para recicláveis aumentará quatro vezes, em Birre e Cobre. Com esta abordagem que observa os hábitos dos munícipes cascalenses e os convoca a participarem ativamente nas alterações necessárias, seremos capazes de aumentar cada vez mais a taxa de reciclagem de plástico e papel, em Birre e Cobre. A estratégia em todo o concelho tem passado sempre pela premissa de pôr as pessoas no centro da atividade ambiental, com resultados inequívocos de participação cívica e sucesso dos projetos.
Artigo Publicado na revista nº 2 – Março 2021