Mandíbulas de tubarão preservadas podem revelar a história da sua dieta



Os investigadores descobriram que as mandíbulas em museus e coleções privadas podem servir como um recurso inexplorado de dentes de tubarão que fornecem informações científicas valiosas.

Para o efeito, recorre-se a técnicas bioquímicas como a análise de isótopos estáveis, que examina os isótopos presentes no dente de um tubarão.

Um novo trabalho de investigação liderado pela Universidade de Flinders, publicado na Marine Environmental Research, mostra que os químicos utilizados para preservar as mandíbulas dos tubarões não afetam os isótopos, permitindo que as mandíbulas preservadas sejam utilizadas para revelar o que os tubarões comem e onde se alimentam.

“Os produtos químicos nos dentes fornecem uma história sobre o que o tubarão comeu e de onde, quer se trate de leões marinhos no Sul da Austrália ou de atum em Nova Gales do Sul”, explica a autora principal Laura Holmes, do Grupo de Ecologia do Tubarão do Sul na Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade de Flinders.

Trabalhando com o Laboratório de Espectrometria de Massa de Razão Isotópica da Universidade da Tasmânia, os investigadores examinaram três espécies com diferentes estruturas dentárias. Apesar das diferentes estruturas dentárias, nenhuma foi alterada pelo etanol, lixívia ou peróxido de hidrogénio, os químicos frequentemente utilizados para limpar as mandíbulas dos tubarões e branquear os dentes.

“A maioria das mandíbulas de tubarão em museus e coleções privadas são tratadas quimicamente, pelo que é crucial compreender se, ou como, estes tratamentos afetam os isótopos dos dentes”, sublinha Lauren Meyer, investigadora associada da Universidade de Flinders.

“Descobrir que os produtos químicos de preservação não tiveram impacto nos valores isotópicos abre a porta para a utilização de mandíbulas de coleções históricas em toda a Austrália e no mundo”, adianta.

Este estudo contribui com informações valiosas para o campo da análise de isótopos estáveis em dentes de tubarões e raias, oferecendo recomendações práticas e alargando o leque de amostras disponíveis para investigação.

“Isto é especialmente útil para espécies raras ou ameaçadas, para as quais as amostras de tecido padrão podem não estar prontamente disponíveis, mas para as quais foram recolhidas mandíbulas de troféu”, afirma Meyer.

“Agora podemos começar a usar coleções de museus e mandíbulas dos anos 70 e 80 para explorar a dieta histórica de espécies de tubarões que agora enfrentam uma miríade de pressões antropogénicas”, acrescenta.

Os resultados deste estudo também abrem caminho para a investigação da dieta de outros animais, como as orcas, os cachalotes e as focas, para os quais existem dentes de mandíbulas históricas em colecções de museus.

“Este estudo abre a porta à utilização de um enorme recurso de amostras para desvendar a dieta atual e histórica e os habitats de alimentação de predadores complexos – fazendo com que a descoberta mais excitante deste estudo seja a capacidade de novas investigações que é agora possível”, conclui Meyer.






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