Monstros-de-gila podem vir a sofrer redução de habitat num planeta cada vez mais quente

Os monstros-de-gila (Heloderma suspectum) são uma espécie de réptil que se encontra apenas entre o sudoeste dos Estados Unido da América e o noroeste do México.
Classificado como “Quase Ameaçado” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, é icónico das paisagens áridas e desérticas da região centro-americana, conhecido pelo seu aspeto robusto, coloração preta e cor-de-laranja e por ser um dos poucos lagartos venenosos.
Apesar de ser uma espécie adaptada a climas quentes e secos, o contínuo aquecimento do planeta pode vir a reduzir a sua atual área de distribuição.
Num artigo publicado na revista ‘Ecology and Evolution’, um grupo de investigadores, liderado pela Universidade do Nevada, estudou os monstros-de-gila que habitam do Deserto de Mojave, a região mais a norte da área de distribuição da espécie.
Combinando previsões climáticas para o deserto e dados sobre a área ocupado pelos répteis, os cientistas concluem que, num cenário de baixas emissões de dióxido de carbono, o habitat dos monstros-de-gila não sofrerão grandes alterações. Aliás, prevê-se até que surjam novas áreas mais a norte que serão adequadas ao animal.
No entanto, num cenário de emissões elevadas, os monstros-de-gila podem vir a perder quase um terço do seu habitat no Deserto de Mojave, uma vez que, segundo as projeções, as temperaturas serão de tal ordem altas que ultrapassarão os limites que o réptil é capaz de tolerar.
É possível que, nesse cenário hipotético mas provável, locais mais elevados possam vir a ter condições mais favoráveis para os monstros-de-gila, mas os cientistas duvidam que esses animais sejam capazes de fazer grandes deslocações.
Segundo o que se sabe até agora, os monstros-de-gila tendem a não se afastar muito dos seus ninhos e tocas e têm dificuldades em percorrer distâncias longas, especialmente em terrenos acidentados e com pouca vegetação.
Como tal, a equipa considera pouco provável que os monstros-de-gila sejam capazes de colonizar novos habitats adequados que poderão surgir num cenário de emissões elevadas, porque se encontram a grandes distâncias dos locais onde os répteis atualmente se encontram.
Outras questões ainda sem resposta podem também vir a afetar o futuro deste animal.
Os monstros-de-gila alimentam-se sobretudo de ovos de aves e de tartarugas do deserto, bem como de pequenos coelhos, pelo que não importa só perceber como é que o aumento continuado das temperaturas pode afetar diretamente esse réptil, mas também compreender de que forma isso afetará as suas presas.
Embora admitam que “não é claro que ações de gestão poderão beneficiar as populações de monstros-de-gila”, os investigadores consideram que “a proteção permanente das zonas que se prevê que continuem a ser potencialmente ocupadas pela espécie ajudará a assegurar a sobrevivência da espécie”, escrevem no artigo.