Novo aterro de Maputo em funcionamento daqui a dois anos

O presidente do conselho municipal de Maputo, Rasaque Manhique, disse ontem à Lusa que o novo aterro da capital moçambicana deverá estar em funcionamento daqui a dois anos, depois do lançamento do concurso público este verão.
“Estará em funcionamento daqui a aproximadamente dois anos, mas queremos trabalhar, sem prejuízo do cumprimento das normas e da garantia da qualidade, para ver se ainda podemos reduzir este prazo”, disse Rasaque Manhique em declarações à Lusa em Lisboa, onde foi apresentado o concurso de lançamento do aterro que vai substituir a lixeira a céu aberto em Hulene.
A construção do novo aterro, um investimento de 525 milhões de dólares, mais de 460 milhões de euros, partilhado com o Banco Mundial, “é importante, dada a situação de saturação da lixeira de Hulene, que é sobejamente conhecido que nas condições em que se apresenta é importante uma intervenção muito rápida”, salientou.
Esta lixeira, descrita na sessão como “uma montanha de 30 metros de lixo a céu aberto”, ocupa 25 hectares e é a maior lixeira de Moçambique, para além de ser o sustento de milhares de pessoas, conhecidas como catadores, que, diariamente, procuram algum rendimento entre resíduos.
“Há um grande sofrimento no seio da população e o município está a correr para as soluções”, disse o autarca da capital moçambicana, lembrando que a apresentação do concurso internacional, hoje, em Lisboa, “é o primeiro passo para a construção de um novo aterro” e que “já foram dados passos bastante importantes, como a construção da estrada que (…) fará chegar ao distrito de Catembe”.
O concurso para o aterro, com um prazo de sete anos e num modelo em que o operador será também o responsável pela conceção, operação e manutenção do aterro, deverá ser lançado em junho, com um orçamento de 525 milhões de dólares, divididos sensivelmente ao meio entre a construção e a operação da estrutura, e cobertos a 50% pelo Banco Mundial.
Nas intervenções na sessão que decorreu hoje em Lisboa, os responsáveis mostraram uma “grande preocupação em criar condições para que os desalojados pelo desastre [do aluimento de terras em 2018, que fez 16 vítimas mortais] possam receber as suas casas”, sendo que das 268 casas afetadas, faltam apenas ser entregues 21.
O novo aterro deverá aumentar as receitas do município, de 2,9 milhões de meticais, para 9,3 milhões, e terá um contrato de exploração durante sete anos, no qual terá de estar contemplada uma solução para os 700 a 1.500 catadores de lixo que terão de ser acomodados e enquadrados noutras atividades do município.