Novo plástico biodegradável à base de bambu alia resistência a rápida decomposição

Cientistas desenvolveram um novo tipo de plástico biodegradável à base de bambu que combina resistência mecânica com rápida degradação no solo, podendo representar uma alternativa viável e sustentável aos plásticos convencionais. O estudo foi publicado esta semana na revista Nature Communications.
Produzido através de um método inovador, este bioplástico apresenta características semelhantes aos plásticos derivados do petróleo, como resistência, estabilidade térmica e moldabilidade. No entanto, distingue-se por conseguir biodegradar-se completamente no solo em apenas 50 dias.
Os plásticos de base biológica, como os compostos de bambu, têm vindo a ser apontados como alternativas promissoras aos plásticos tradicionais. Contudo, a sua utilização em larga escala tem sido dificultada pelas fracas propriedades mecânicas, que limitam a sua aplicação em contextos exigentes como a construção ou a indústria. Além disso, muitos destes plásticos utilizam fibras de bambu imersas em resinas sintéticas, o que impede a sua degradação total e compromete o seu potencial de sustentabilidade.
Uma nova abordagem
A equipa liderada por Haipeng Yu e Dawei Zhao propôs um novo processo não-tóxico, baseado em solventes alcoólicos, que permite dissolver a celulose do bambu até ao nível molecular. Esta celulose é depois reorganizada de forma controlada, criando uma estrutura plástica robusta. Durante este processo, a celulose sofre modificações químicas que facilitam a formação de uma rede molecular sólida durante a regeneração do material.
O plástico de bambu foi comparado com vários plásticos comerciais amplamente utilizados, como o ácido poliláctico (PLA) e o poliestireno de alto impacto (HIPS). Os resultados revelaram uma resistência à tração de 110 megapascais e uma energia de fratura de 80 kJ/m³, superando tanto os plásticos convencionais como os bioplásticos existentes.
Para além das propriedades mecânicas, o novo material demonstrou excelente estabilidade térmica e capacidade de moldagem, posicionando-se como uma alternativa credível para utilização industrial.
Sustentabilidade com desempenho
Um dos aspetos mais promissores deste novo plástico é a sua capacidade de degradação completa em solo natural em menos de dois meses, algo raro entre materiais plásticos de elevada resistência. Em alternativa, pode ser reciclado em circuito fechado — sendo reutilizado para produzir novos produtos semelhantes — mantendo 90% da resistência original.
Este avanço poderá representar um passo importante na procura por soluções sustentáveis para o problema global da poluição plástica, oferecendo uma alternativa funcional e amiga do ambiente aos plásticos derivados do petróleo.