O que têm as alterações climáticas a ver com a redução da pobreza?



 

“O que têm as alterações climáticas a ver com os Objectivos do Milénio?”. A questão foi ontem levantada por Andrew Steer, enviado especial do Banco Mundial para as alterações climáticas, num artigo de opinião publicado no blog das Nações Unidas dedicado aos Objectivos do Milénio.

“Há uma visão de passado que [diz que] os países ricos podem pensar [no combate às] alterações climáticas, mas os países em desenvolvimento têm necessidades de curto prazo mais urgentes. Mas (…) onde [estão] os países em desenvolvimento a gastar dinheiro? Quatro em cada cinco países com os quais trabalhamos colocam as alterações climáticas no topo das prioridades dos seus planos anti-pobreza”, explicou Steer.

O responsável do Banco Mundial explicou ainda que, nos últimos 12 meses, quase 90% das estratégias de assistência pedidas pelos países em desenvolvimento – e aprovadas pelo próprio Banco Mundial – colocaram as alterações climáticas como um dos principais pilares desta ajuda financeira.

Steer refere que, durante a assembleia-geral que está a debater os planos futuros para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, as reuniões sobre as alterações climáticas são um dos assuntos dominantes.

“[Isto acontece] porque a [questão das] alterações climáticas remete-nos para a redução da pobreza”, explica o responsável.

E os números estão aí para o provar. Os países em desenvolvimento vão suportar três quartos do impacto negativo da mudança dos padrões do clima, da falta de água e do aumento do nível do mar – e são, paralelamente, os países que estão menos preparados para estas intempéries.

Com tudo isto, “as difíceis vitórias na luta contra a pobreza correm um sério risco”. “Este já não é um problema de amanhã. Os impactos estão a ser sentidos hoje”, continuou Steer.

O Banco Mundial está a trabalhar com 100 países para que estes se adaptem às alterações climáticas. Na semana passada, a instituição lançou um programa que irá destinar 4,6 mil milhões de euros à estratégia anti-pobreza do Bangladesh até 2014. Reduzir a vulnerabilidade às alterações climáticas é um dos quatro pilares da estratégia.

Finalmente, o responsável do Banco Mundial chama a atenção para o perigo de não considerarmos as alterações climáticas essenciais na luta contra a pobreza.

“Tenho ouvido pessoas a perguntarem porque é que o Banco Mundial está tão preocupado com as alterações climáticas [quando] deveria focar-se na redução da pobreza e deixar as alterações climáticas para outros. Esta [visão] deixa de lado a triste realidade que neste novo milénio é simplesmente impossível permanecer uma instituição global de primeira linha, dedicada a erradicar a pobreza do mundo, sem ver as alterações climáticas como core do nosso trabalho”, refere Steer.

“Por isso é que acredito que um acordo forte e justo nas alterações climáticas é essencial para que todas as promessas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio sejam cumpridas”, termina o enviado especial do Banco Mundial para as alterações climáticas.

E o leitor, concorda com esta visão?





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