Projeto quer perceber se criopreservação pode salvar a maior borboleta do Reino Unido

A Papilio machaon britannicus é a maior espécie nativa de borboleta no Reino Unido, mas nos últimos 20 anos as suas populações foram reduzidas em cerca de 57%, especialmente devido à perda de habitat, às alterações climáticas e à perda de diversidade genética.
Agora, um grupo de especialistas quer perceber se congelar os ovos dessa espécie pode ajudar a impedir que desapareça. A borboleta atualmente só é encontrada na região de East Anglia, no leste de Inglaterra, com maior incidência no condado de Norfolk.
Investigadores da Anglia Ruskin University, do zoológico Jimmy’s Farm & Wildlife Park e do Nature’s SAFE, um banco biológico britânico especializado em conservação, uniram forças para tentar perceber se a criopreservação (a conservação de material biológico através do congelamento a temperaturas de quase 200 graus negativos) pode ser a ajuda de que as Papilio machaon britannicus precisam.
O projeto testará a criopreservação em ovos de Papilio machaon gorganus, uma subespécie europeia, geneticamente próxima da britânica, mas que é muito mais abundante. O zoológico Jimmy’s Farm & Wildlife Park tem uma população robusta de Papilio machaon gorganus em cativeiro, e os seus ovos servirão como modelo.
Em comunicado, a Anglia Ruskin University explica que será avalia a viabilidade das mais recentes técnicas de criopreservação, que envolvem o congelamento em nitrogénio líquido a 196 graus negativos. Depois, o objetivo é criar, em ambiente controlado, as pequenas borboletas que emergirem dos ovos “descongelados”, para perceber os impactos da criopreservação no seu desenvolvimento e no seu sucesso reprodutivo.
Caso se venha a confirmar que o método é realmente eficaz, então os cientistas acreditam que será possível armazenar a longo-prazo os ovos de Papilio machaon britannicus, que poderão ser usados em ações de conservação, como em esforços de reintrodução e programas de reprodução em cativeiro.
“O nosso projeto combinará trabalho de campo com investigação laboratorial para ver se conseguimos estabelecer um método fiável para preservar o material genético da [Papilio machaon britannicus] usando a sua prima europeia”, diz, citado em nota, Alvin Helden, da Anglia Ruskin University e um dos cientistas envolvidos no projeto.
“A criopreservação é uma ferramenta promissora para apoiar a conservação, mas acreditamos que está é a primeira vez que está a ser tentada em borboletas”, refere.
O investigador explica que a equipa quer tentar perceber se as lagartas (que depois darão origem às borboletas) nascidas de ovos criopreservados são tão saudáveis quanto as que nascem de ovos não congelados, e se a reprodução das borboletas adultas também não é negativamente afetada por esse método de preservação.
“Se for bem-sucedida, esta investigação tem o potencial para ajudar a salvaguardar o futuro das [Papilio machaon britannicus] e contribuir significativamente para a conservação das borboletas no geral”, salienta Helden.