Trump aprova estrada de mais de 300 km que atravessa o Alasca. Ambientalistas condenam “plano atroz”

O Presidente norte-americano aprovou esta segunda-feira um projeto que prevê a criação de uma estrada com mais de 300 quilómetros (km) que atravessará o Alasca e que permitirá o acesso a minerais para, alegadamente, reforçar o domínio energético global dos Estados Unidos da América.
O chamado “Ambler Road Project” havia sido rejeitado durante a presidência de Joe Biden, cuja administração classificava-o como uma ameaça à subsistência das comunidades indígenas do Alasca e aos ecossistemas de grande diversidade biológica que lá se encontram.
“A proposta Ambler Road atravessaria 339 quilómetros de importantes habitats para a vida selvagem e águas cristalinas que são vitais para a subsistência das comunidades tribais ao longo da icónica cordilheira Brooks no centro-norte do Alasca”, dizia em junho de 2024 o Departamento do Interior de Biden.
Mas agora, de volta à Casa Branca, Trump reverteu a decisão do seu antecessor, no seguimento de um apelo interposto pela Autoridade de Desenvolvimento e Exportação Industrial do Alasca para que o Ambler Road Project seja concretizado.
De acordo com o governo norte-americano, a grande estrada permitirá aceder a “grandes depósitos de cobre, cobalto, gálio, germânio e mais”, que descreve como “minerais críticos” para vencer a corrida tecnológica contra a China, e explica que “não há rota alternativa economicamente viável e prudente” para chegar até eles.
“O Ambler Road Project é de importância vital para a defesa nacional e a prosperidade económica da América”, diz a Casa Branca, que garante que serão tomadas medidas para mitigar os impactos ambientais do empreendimento, nomeadamente para atenuar os efeitos negativos nas rotas migratórias de caribus e peixes.
Em reação ao anúncio feito pela administração norte-americana, a organização ambientalista National Parks Conservation Association (NPCA) descreve o projeto como um “plano atroz”, alertando para o perigo que representa para comunidades indígenas locais e para a biodiversidade.
Diz a NPCA que os impactos ecológicos, económicos e sociais do Ambler Road Project ultrapassam largamente “quaisquer benefícios especulativos” que possam advir do projeto.
Por seu lado, o Sierra Club, a maior organização ambientalista dos Estados Unidos da América, avisa que a estrada atravessará “um dos parques nacionais mais bem preservados do país”, o Parque Nacional Gates of the Arctic, e recorda a oposição de 89 povos indígenas ao empreendimento, ignorada pela Casa Branca de Trump.
“As comunidades ao longo da rota proposta para a estrada têm consistentemente manifestado a sua oposição a este projeto prejudicial”, diz, em comunicado, Athan Manuel, diretor de programas de proteção do território do Sierra Club.
O responsável salienta que, com esta decisão, o governo de Trump “ignora essas vozes, a favor de empresas poluidoras”, prevendo que a estrada “resultará em danos significativos para as frágeis paisagens do Alasca e para as comunidades locais e a vida selvagem que delas dependem”.
“Esta não é uma estrada qualquer. É um corredor industrial através de florestas intactas e paisagens do Alasca suficientemente longo para ligar Washington D.C. a Filadélfia”, aponta Athan Manuel, acrescentando que o projeto dividirá a rota de migração dos caribus, “causando danos irreversíveis”.
Prevê-se que a Ambler Road comece a ser construída na primavera do próximo ano.