Turismo sustentável: 12 dicas para reduzir a sua pegada ecológica quando viaja pelo mundo



O turismo é uma atividade económica de grande relevância para muitos países, incluindo para Portugal, tendo em 2021 sido responsável por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo dados avançados este ano pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Dados do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) indicam, por outro lado, que o turismo contribui para 10% do PIB mundial e para a criação de um em cada 10 empregos.

Contudo, não é possível negligenciar que o turismo acarreta impactos ambientais, como o aumento do consumo de água e de energia, a intensificação da produção de resíduos e do desperdício e, claro, as emissões de gases poluentes dos meios de transporte.

Se nada for feito para tornar o turismo mais sustentável, o UNEP estima que esse setor será responsável pelo aumento de 154% do consumo de energia, de 131% das emissões de gases com efeito de estufa, de 152% do consumo de água e de 251% da geração de resíduos sólidos.

Ainda assim, é possível transformar o turismo numa atividade mais sustentável, que harmonize o desenvolvimento das economias locais e o reconhecimento internacional do património e comunidades com a defesa do planeta e dos seus ecossistemas.

As Nações Unidas avançam 12 dicas que ajudarão os turistas a reduzirem os seus impactos sobre o ambiente durante as suas viagens e, assim, a tornarem o setor mais sustentável.

Uma das sugestões é abandonar o plástico de utilização única, cuja vida útil muitas vezes não excede os 15 minutos, mas que demora mais de mil anos a degradar-se. Optando por garrafas e sacos reutilizáveis, “podemos ajudar a garantir que há menos resíduos de plástico no oceano e noutros habitats”.

Ser comedido no consumo de água é outro vetor fundamental do turismo sustentável. “Regra geral, os turistas consomem mais água do que os residentes locais”, diz a ONU. Com vários locais do mundo a enfrentarem a escassez de água e condições de seca sem precedentes, “as escolhas que fazemos podem ajudar a assegurar que as pessoas têm acesso adequado à água no futuro”.

Para isso, é aconselhado a reduzir o número de vezes que os lençóis e as toalhas são trocados e lavados nos hotéis, uma pequena ação que poderá “poupar milhões de litros de água todos os anos”.

O consumo de produtos locais também ajuda a minimizar os impactos sobre o ambiente. Além de dinamizar as economias e as comunidades locais, permite reduzir as emissões de gases poluentes geradas pelo transporte internacional de mercadorias.

Na altura de planear a viagem, os viajantes devem optar por um operador turístico que priorize o ambiente, que use os recursos de forma eficiente e que respeite as culturas locais.

Se planeiam uma viagem que envolva a observação da fauna local, os especialistas da ONU apelam a que os animais selvagens não sejam alimentados e a que os turistas mantenham a distância, para evitar a transmissão humano-animal de patógenos que causem, por exemplo, a gripe ou a pneumonia, e que poderão colocar em risco a sobrevivência dessa população, e também de outras.

“Quando os animais se habituam a receber alimento dos humanos, os seus comportamentos naturais alteram-se, e tornam-se dependentes das pessoas para sobreviverem”, explicam, acrescentando que, em algumas situações, a aproximação dos humanos aos animais selvagens pode degenerar em situações perigosas para ambos.

Ainda sobre a vida selvagem, o turismo sustentável é aquele que não contribui para a caça furtiva e para o comércio ilegal de espécies, pelo que o seu consumo, como alimento ou sob outras formas, “pode contribuir para a extinção de espécies já ameaçadas pelas alterações climáticas e pela perda de habitat”.

Esse alerta deve estar presente também quando os turistas compram lembranças, podendo algumas derivar da caça ilegal de animais selvagens em risco.

O transporte individual deve ser evitado, devendo ser dada prioridade a meios de transporte coletivo. Andar de transportes públicos, como autocarros, comboios e metros ajuda a reduzir as emissões de gases poluentes, ao mesmo tempo que permite conhecer mais profundamente o local visitado e os hábitos de vida da população. A bicicleta é também uma alternativa ambientalmente sustentável, e mais económica, ao transporte individual.

Quanto à estada, a ONU sugere o alojamento em casas de habitantes locais, o que permitirá um contacto mais íntimo com a cultura e os costumes locais, além de ajudar a dinamizar económica e socialmente essas comunidades.

Conhecer o destino antes de visitá-lo é também importante. Antes de iniciar viagem, os turistas devem familiarizar-se com as tradições e práticas locais, procurando imergir-se na cultura que visitarão e evitando, assim, cometer alguma indelicadeza ou transgressão que possa prejudicar a comunidade local.

Ao desenhar o plano da viagem, devem incluir os parques nacionais e os santuários naturais. “Explorar a natureza e a vida salvagem através dos parques naturais é uma forma íntima de ficar a conhecer, em primeira-mão, os animais e os seus ecossistemas”, diz a ONU. Além disso, os bilhetes ajudam a financiar os esforços de conservação de espécies e de espaços naturais, protegendo-os para que as gerações futuras possam também beneficiar do contacto com o mundo natural.

Escusado será dizer que os ‘turistas sustentáveis’ não deitam lixo para o chão e colocam os seus resíduos nos contentores apropriados, procurando não deixar uma pegada ambiental negativa no local que visitam.

Por fim, a ONU indica que o ‘passa-a-palavra’ é um dos mecanismos sociais de excelência que permite amplificar a proteção ambiental e reduzir os impactos do turismo. Partilhar as melhores práticas com amigos, família e conhecidos é um vetor vital da construção de um turismo que esteja alinhado com a agenda ambiental global, ao mesmo tempo que se mantém como um dos principais pilares do desenvolvimento económico e social.






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