Vocalizações dos bonobos são mais parecidas com a linguagem humana do que se pensava



Os bonobos (Pan paniscus), também conhecidos como chimpanzés-pigmeus, são o parente mais próximo dos humanos, partilhando as duas espécies cerca de 98,8% do seu ADN. E as semelhanças podem ainda ser mais do que se pensava.

Segundo investigação das universidades de Zurique (Suíça) e de Harvard (Estados Unidos da América), os bonobos são capazes de criar e combinar vocalizações e chamamentos complexos que se assemelham à forma como os humanos combinam palavras para formar frases.

Através do estudo de bonobos selvagens numa reserva em Kokolopori, na República Democrática do Congo, os cientistas usaram metodologias da área da linguística para mostrar que, da mesma forma que acontece na linguagem humana, a comunicação vocal dos bonobos assenta na combinação de diferentes palavras para formar frases.

Numa primeira etapa, a equipa criou o que chama de uma espécie de “dicionário” que lista os chamamentos dos bonobos e os seus significados. “Isso é um passo importante para compreender a comunicação de outra espécie, uma vez que é a primeira vez que determinámos o significado dos chamamentos em todo o repertório vocal de um animal”, diz, em comunicado, Mélissa Berthet, primeira autora do artigo publicado este mês na revista ‘Science’, que dá conta dos resultados do trabalho.

O passo seguinte foi investigar as combinações de chamamento feitas pelos bonobos, e conseguiram identificar inúmeras combinações “cujo significado estava relacionado com o significado das suas partes individuais”, dizem em nota. Ou seja, o significado das combinações variava consoante os chamamentos que eram combinados, da mesma forma que nós, humanos, juntamos palavras que, no seu conjunto, formam significados diferentes de outras combinações que usam essas palavras.

Como tal, “isso sugere que a capacidade para combinar tipos de chamamentos de forma complexa não é tão exclusiva dos humanos como pensávamos”, declara Berthet.

As descobertas não só permitem aprofundar o conhecimento sobre um dos nossos parentes evolutivos mais próximos, como tem também implicações ao nível da compreensão da evolução da nossa própria linguagem humana, uma vez que a capacidade de composição parece ser comum a ambas as espécies.

É por isso que Simon Townsend, um dos coautores do artigo, argumenta que os antepassados dos humanos e dos bonobos, do qual divergimos há cerca de 7 a 13 milhões de anos, já faziam uso dessa capacidade de composição, muito antes do surgimento da linguagem humana.






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