Hoje é o dia mundial para preservação da Camada do Ozono. Qual a importância deste “escudo invisível” na atmosfera?
A camada atmosférica de ozono protege o planeta Terra dos raios ultravioleta do Sol. Sem ela, a vida tal como a conhecemos seria impossível dado que os raios ultravioleta penetram profundamente nos organismos vivos e destroem o seu ADN. Ou seja, este escudo gasoso frágil protege o globo das radiações solares, preservando assim a vida na Terra.
A sua função é extremamente importante, na medida em que absorve 95% da radiação ultravioleta B (UV-B), radiação solar que pode provocar queimaduras e outros efeitos ainda mais graves como cancro de pele. A última avaliação científica sobre a redução da camada de ozono, realizada em 2018, indicia a recuperação de partes da camada de ozono em 1 a 3%, por década, desde 2000.
De acordo com a Quercus, os químicos sintéticos denominados por CFC (clorofluorocarbonetos), usados em aerossóis, produtos de refrigeração dos electrodomésticos (por exemplo frigoríficos e arcas congeladoras) ou aparelhos de ar condicionado, solventes ou na produção de espuma rígida utilizada no enchimento de electrodomésticos (espuma de poliuretano), são os produtos na origem da destruição da camada de ozono.
Com uma capacidade de sobrevivência entre 50 a 100 anos, estes gases têm influência na camada de ozono, mas o seu efeito está a diminuir e a camada a recuperar. Investigadores indicam que uma cicatrização completa deverá acontecer entre 2050 e 2060.
Em 2018, o Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal apresentou a sua avaliação científica no que toca à camada de ozono e concluiu que o ozono continua a recuperar. As provas apresentadas pelos autores do estudo demonstram que a camada de ozono no hemisfério norte tem recuperado ao ritmo de 1 a 3% por década desde o ano 2000. Ao presente ritmo, estima-se que a camada de ozono esteja completamente recuperada em 2030 no hemisfério norte, seguido do hemisfério sul em 2060 e das regiões polares em 2060.
Segundo dados do Eurostat, as emissões dos gases mais poluentes baixaram entre 1990 e 2017 na União Europeia (UE) e em Portugal, com destaque para o óxido de enxofre (SOx), que registou uma quebra para cerca de metade.
“O Protocolo de Montreal é um dos acordos multilaterais com mais sucesso na história por uma razão,” disse Erik Solheim, responsável pela ONU Ambiente. “A cuidadosa mistura de ciência e ação colaborativa que definiu o Protocolo por mais de 30 anos e foi criada para curar nossa camada de ozono é precisamente o motivo pelo qual a Emenda Kigali é tão promissora para a ação climática no futuro”.
A Emenda Kigali diz respeito à proibição do uso de gases com potentes efeitos de aquecimento global em frigoríficos, ares condicionados e produtos relacionados. Os autores do estudo descobriram, também, que o mundo pode evitar um aquecimento de 0,5ºC este século só através da implementação da Emenda Kigali, o que são excelentes notícias numa altura em que precisamos de medidas concretas e urgentes nos próximos anos para evitar uma catástrofe ambiental.