19 dicas para um Natal mais sustentável



A dois dias da Consoada, a maioria dos portugueses dedica-se finalmente à compra de presentes e produtos alimentares para a noite e dia de Natal. E se a época é da família, não é menos verdade que ela deve ser passada com a sustentabilidade – sempre – em cima da mesa, na árvore ou na decoração que utilizamos.

Como vem sendo hábito, a organização não-governamental de ambiente (ONGA) portuguesa Quercus apela ao consumo responsável, reutilização e compras locais, partilhando várias dicas para que o nosso Natal seja, para além de vermelho e branco, de um verde metafórico.

São também conselhos que, para além de levarem à adopção de bons hábitos ambientais, são favoráveis a uma maior poupança no orçamento familiar. O que dá sempre jeito, seja em que altura do ano.

DECORAÇÃO

1.No que respeita à árvore de Natal, quem optou por uma árvore natural em vaso deverá tentar que ela seja de uma espécie autóctone e proveniente de um viveiro legal. Esta opção permite que, após uma ou mais utilizações, a árvore possa ser plantada no solo. Alguns viveiros já efectuam o aluguer de pinheiros e de outras árvores apenas por um período específico e essa poderá ser uma boa opção para quem não pretende manter a árvore por muito tempo. Uma excelente opção passa também por usar como árvore de Natal os ramos provenientes de podas e cortes responsáveis feitos na floresta, na medida em que estes não implicam o corte ou o abate de árvores e depois do Natal os resíduos podem ser compostados.

2.Para a decoração de Natal, não devem ser utilizados elementos naturais provenientes de espécies em perigo, como o azevinho silvestre. Uma alternativa possível passa por procurar viveiros autorizados que produzem, artificialmente, esta planta em vaso, tentando usá-la viva. Deve-se usar sobretudo outras plantas não ameaçadas nas decorações de Natal, privilegiando os elementos provenientes de podas e cortes feitos de forma responsável e que garantam a sobrevivência futura desses espécimes. A alternativa poderá passar por uma decoração artificial, apostando-se no uso de materiais resistentes, para que se possam reutilizar futuramente.

3.Os enfeites e adereços natalícios devem ser bem mantidos e guardados até ao próximo ano, de modo a permitir a sua reutilização. Uma ideia amiga do ambiente e muito original é promover a troca de enfeites entre familiares ou amigos no próximo Natal.

4.Quanto à iluminação, seja da árvore ou da varanda, apesar de já ser maioritariamente de tecnologia LED, deve ser utilizada de forma racional, desligando-se durante a noite ou quando não está ninguém em casa.

PRESENTES

5.Quando viável, devem ser utilizados os transportes públicos nas deslocações às compras, reforçando-se aqui a mais-valia de comprar perto de casa, aproveitando, por exemplo, a cada vez maior ocorrência de feiras e mercados locais;

6.Deve-se privilegiar produtos úteis, duráveis, educativos, com pouca embalagem e inócuos em termos de substâncias perigosas;

7.O papel de embrulho e os sacos para as prendas devem ser reutilizados sempre que possível;

8.Na oferta de prendas alimentares, a escolha deverá recair sobre produtos de origem nacional (vinhos, azeite, artesanato, doçaria tradicional, frutos secos), sendo de preferir os produzidos em modo de produção biológica; nos produtos de perfumaria, cosmética ou higiene pessoal, devem ser escolhidas marcas com produtos naturais, biológicos e que não fazem testes em animais (consultar a listagem disponibilizada pela Liga Portuguesa dos Direitos do Animal). Na oferta de equipamentos eléctricos e electrónicos é importante pesquisar previamente quais as marcas mais seguras e ambientalmente mais sustentáveis (consultar páginas da Greenpeace e do projecto Topten.pt, da Quercus)

9. Quando não se sabe o que oferecer, uma opção poderá ser a oferta de uma inscrição como sócio de associações cívicas (como por exemplo Associações de Defesa do Ambiente) ou de um donativo a uma determinada causa ou projecto (apadrinhando um animal selvagem, por exemplo). Os cheques-prenda são uma boa opção, estando disponíveis em livrarias, teatros, lojas de roupas ou de outros bens;

10.A par das ofertas a familiares e amigos, é possível ajudar quem mais precisa sem gastar dinheiro. Por exemplo, através de campanhas de solidariedade social ou oferecendo objectos sem uso em plataformas de trocas ou doações.

MESA DE NATAL

11.De modo a evitar o desperdício de alimentos, deve ser feita uma lista de compras daquilo que é mesmo necessário, tendo em conta o número de pessoas que participam na ceia ou almoço de Natal;

12.Seja para economizar ou evitar um maior consumo de produtos embalados, o melhor é confeccionar a maior parte dos pratos e sobremesas em casa, privilegiando produtos locais, regionais e nacionais, adquiridos no comércio local e, se possível, de origem biológica ou do provenientes de redes de comércio justo.

13.Em 2016 assinala-se o Ano Internacional das Leguminosas, com o objectivo de apelar a uma produção sustentável de alimentos e sensibilizar sobre a importância das leguminosas na alimentação mundial. As leguminosas podem ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar humano, incluindo o combate e controlo de diabetes, a prevenção de doenças cardíacas e o colesterol, e o combate à anemia. Neste Natal inclua alimentos como o feijão e o grão-de-bico, na sua ementa. Além de serem ricos em nutrientes e proteínas, apresentam uma alternativa mais barata e igualmente saborosa.

14.No jantar do dia de Natal, aproveite as sobras das refeições anteriores e faça o que, normalmente, se chama de “roupa velha”. Este prato, que já é uma tradição natalícia em muitas casas portuguesas, é uma forma de atenuar o desperdício alimentar e o consumo desenfreado de alimentos associados ao Natal. Nesta iguaria podem ser adicionadas diversas leguminosas que irão tornar o prato mais nutritivo e delicioso.

15.Algumas cooperativas locais promovem a compra de cabazes de produtos locais, privilegiando o contacto directo entre produtor e consumidor, e reduzindo a pegada de carbono destes alimentos;

16.Na altura de pôr a mesa, deve-se optar por louça lavável e atoalhados de tecido, renunciando aos utensílios descartáveis.

RESÍDUOS

17.A filosofia da reutilização deve ser aplicada sempre que possível, desde o papel de embrulho e dos adereços, aos sacos, frascos, caixas e outros recipientes com potencial de reaproveitamento;

18.Entre o que não for possível reaproveitar, deve ser feita a separação selectiva das embalagens – papel/cartão, plástico, metal – embora seja essencial aguardar alguns dias até depositá-las no ecoponto, de modo a evitar acumulações nos contentores;

19.O conselho anterior aplica-se também ao lixo indiferenciado, que deve ser depositado com cautela e apenas em contentores com capacidade, devendo-se antes comprovar que o município está a fazer recolha de lixo durante estes dias.

Foto: Jeff Belmonte / Creative Commons





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