70 anos depois da guerra, Natureza vibra na zona desmilitarizada entre as Coreias



Este ano, em julho, assinalam-se os 70 anos do fim da Guerra da Coreia, que resultou na implementação de uma zona desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, que se estende por 250 quilómetros ao longo do paralelo 38 e cobrindo uma área de cerca de 907 quilómetros quadrados.

Apesar de os humanos estarem proibidos de entrar nessa área fortemente vigiada, e que é ainda foco de tensão entre Seul e Pyongyang, as leis do Homem não se aplicam à Natureza, que, na ausência das perturbações provocadas pelo Homo sapiens em praticamente todos os cantos do planeta, prolifera na zona desmilitarizada.

Para marcar o aniversário, a Google, em parceria com o Instituto Nacional de Ecologia, da Coreia do Sul, revelou imagens da paisagem escondida dos olhos do mundo que mostram uma grande diversidade de vida, com muitas espécies que não são hoje encontradas em qualquer outra região da península coreana, formando um autêntico ‘santuário da vida selvagem’.

A área desmilitarizada será atualmente a casa de seis mil espécies de plantas, mamíferos, aves, anfíbios e répteis, bem como de peixes de água doce (dulciaquícolas). Das 267 espécies ameaçadas da península, 102 vivem hoje nessa área.

Grous, cabras-montesas Naemorhedus caudatus, veados-almiscarados do género Moschus, lagartos Eremias argus, lontras, águias-reais, trutas, o urso-negro-asiático e martas Martes flavigula são dos animais ameaçados a nível global que encontraram na zona desmilitarizada coreana um refúgio onde se podem alimentar, reproduzir e viver pacificamente. Foram também registados gatos selvagens e suspeita-se que grandes predadores, como tigres e leopardos possam viver nas zonas mais remotas das florestas nessa zona.

Os cientistas são dos poucos humanos que podem entrar nessa área, onde colocaram câmaras remotas para registar a vida que vibra nesse microcosmo em ‘terra de ninguém’ que foi reclamado pela Natureza.

No que toca à flora, especialistas do serviço florestal da Coreia do Sul descobriram várias plantas raras, como a orquídea Pogonia japonica ou a Patrinia saniculifolia.

A zona desmilitarizada lembra-nos que, apesar de a guerra coreana ter terminado à sete décadas, a tensão mantém-se alta, mas serve também de sinal de esperança de que, com tempo e alguma ajuda, o mundo natural, que é parte indissociável do ‘mundo humano’, consegue recuperar.

Além disso, o pequeno oásis de biodiversidade da zona desmilitarizada permite aos cientistas estudarem a vida selvagem que desapareceu das áreas em torno dos grandes centros urbanos na península e ter uma imagem mais clara das características originais dos ecossistemas dessa região.






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