Venda de carne em Portugal caiu 5% desde que estudo da OMS foi divulgado



A indústria da carne em Portugal sentiu uma redução de 5% nas vendas no último mês, um impacto decorrente da divulgação do estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que colocou a carne processada como cancerígena, avança o jornal i.

“O impacto da divulgação do estudo da OMS junto das empresas nossas associadas resultou numa redução das vendas de cerca de 5%, até à data”, explicou fonte oficial da Associação Portuguesa dos Industriais de Carne, citada pela Lusa.

No dia 26 de Outubro era divulgado um estudo da Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC, na sigla em inglês) que revelou que a carne processada – como bacon, salsichas ou presunto – é cancerígena para os seres humanos.

O mesmo documento da IARC (agência que depende da Organização Mundial de Saúde – OMS) alertou que a carne vermelha também é “provavelmente” cancerígena.

O relatório referiu que a ingestão diária de 50 gramas de carne processada – menos de duas fatias de bacon – aumenta a probabilidade de desenvolver cancro colorretal – também conhecido como cancro do intestino – em 18%.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o consumo de carne de vaca e de porco tem vindo a diminuir em Portugal desde 2008, enquanto a carne de aves vai conquistando maior lugar na alimentação dos portugueses.

“Desde que há registo, inverte-se pela primeira vez uma tendência: a carne de aves (animais de capoeira) cresce ao contrário da de bovino e da de suíno. Mesmo assim, a proporção de proteína de origem animal ainda está acima do desejável”, refere o relatório Alimentação Saudável em Números 2014 da Direcção-geral da Saúde, que recorre a dados do Instituto Nacional de Estatística entre os anos de 2008 e 2012.

Na ocasião, a DGS considerou que o consumo de carne processada não é problemático, desde que seja moderado e em refeições com alimentos protectores, como as frutas e hortícolas.

Quando o documento da OMS foi divulgado, os industriais da carne consideraram logo impróprio atribuir a um único factor um risco aumentado de cancro, rejeitando “firmemente” a classificação feita pela IARC.

A Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes decidiu subscrever a posição da associação europeia sobre a classificação feita pela IARC : “considera-se inapropriado atribuir a um único factor um risco aumentado de cancro”, uma vez que se trata de um “assunto muito complexo que pode ser dependente de uma combinação de muitos factores, tais como: idade, genética, dieta, ambiente e estilo de vida”.

“Não é apenas um grupo específico de alimentos por si só que define os riscos associados à saúde, mas a dieta como um todo, em conjunto com qualquer um dos outros factores”, referia a nota da Associação Portuguesa, que citava a posição assumida pela Associação Europeia dos Industriais da Carne.

Foto: Robert Couse-Baker / Creative Commons





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...