Cabo Verde deveria permitir pesca do tubarão, diz responsável pelo cluster do mar
O coordenador do Núcleo Operacional do Cluster do Mar (NOCMAR), Franklin Spencer, defende que Cabo Verde deve permitir a pesca do tubarão, em vez de proibi-la. De acordo com o gestor, é necessário “apertar a fiscalização” e “desdramatizar” algumas questões como a de se falar na extinção do tubarão devido à pesca desenfreada.
“[Isso] são “informações incorrectas [porque] todas as instituições têm a responsabilidade de garantir que a pesca que se pratica na zona económica exclusiva de Cabo Verde seja sustentável, duradoira e com impacto sustentável sobre os recursos, o mar e o ambiente”, afirmou o responsável ao jornal cabo-verdiano A Nação.
De acordo com Spencer, há todo um trabalho feito para combater a pesca ilegal não declarada, com recurso a mecanismos próprios. O próprio acordo de pesca recentemente assinado com a União Europeia (UE), exemplifica, obriga ao desembarque e permite um maior controlo.
“Teremos que ter em conta que o tubarão é um peixe que ainda não entrou na nossa cadeia alimentar, mas noutros países já. E pela experiência é melhor permitir a pesca e a sua descarga do que proibi-la, quem está a pescar o atum e o espadarte sempre irá pescar o tubarão, se proibimos ele irá capturá-lo e depois abandonar o peixe no mar”, adverte.
Assim, Franklin Spencer considera ser preciso somente “apertar” na fiscalização com mais navios além do Guardião e determinar o stock através de estudos, uma vez que, no seu entender, só existem quatro espécies que são protegidas, as que não podem ser pescadas.
Só na ilha de São Vicente foram capturados, em 2014, 16.000 toneladas de tubarão. Isto quando o acordo com a UE define, anualmente, que devem ser pescados 5.000 toneladas de atum, incluindo espécies migratórias.
“No caso do tubarão existem cinco espécies protegidas, no entanto não existe qualquer fiscalização a bordo para ver se essas estão ser capturadas ou não. A única confiança é palavra do capitão dos navios. Esses mesmos navios que estão a ser penalizados nos seus países por cometer irregularidades”, condena o presidente da associação ambientalista Biosfera 1, José Melo, ao mesmo jornal.
Foto: Joi Ito / Creative Commons