Energia: há um País de 320 mil habitantes que está a aconselhar um gigante de 1,3 mil milhões
Pode parecer estranho ver um País com 1,3 mil milhões de habitantes receber conselhos, em termos de estratégia energética, de um outro com 320 mil, mas é isso que se está a passar na Islândia, que desde 2002 fornece informações e know how sobre energia geotérmica à… China.
Há nove anos, conta o Financial Times, o antigo presidente chinês, Jiang Zemin, visitou Reiquiavique, a capital islandesa. Então, foi agendada a visita a uma central geotérmica. “Podia ver-se que a delegação chinesa saiu da Islândia a ver a energia geotérmica com outros olhos”, relembrou Olafur Grimsson, presidente da Islândia.
Desde então, os dois países assinaram vários protocolos formais de cooperação em projectos de energia geotérmica. Na China e outros pontos do globo. Entretanto, engenheiros chineses têm passado largas temporadas na Islândia, a estudar um centro de formação geotérmico das Nações Unidas.
Este esforço islandês em promover o seu conhecimento geotérmico acentuou-se nos últimos anos, à medida que o País tenta encetar sua recuperação económica. Grimsson, o presidente, percorreu meio mundo a tentar vender o know how islandês, sobretudo às economias emergentes.
Uma empresa islandesa, a Enex, trabalha agora num sistema de aquecimento geotérmico em Xianyang, na província chinesa de Shaanxi, numa joint-venture com a Sinopec. Pequim é outras das províncias interessadas no conhecimento islandês, assim como países como a Eslováquia, Hungria, Quénia ou El Salvador.
Ainda que não seja muito conhecida, a energia geotérmica é acessível em várias partes do continente chinês. “As energias limpas têm sido um pilar importante da cooperação entre a Islândia e a China e índia. São países que conseguem perceber o potencial da energia geotérmica para ajudar a garantir as suas necessidades energéticas”, explicou Grimsson ao FT.
No caso da China, o País pretende garantir que, em 2020, 15% de todas as suas necessidades energéticas provenham dos combustíveis não fosseis. Parte deste investimento será feito no desenvolvimento de projectos de energia geotérmica.