As duas mulheres que resistem à invasão Parque Olímpico do Rio de Janeiro (com FOTOS)
Duas mulheres recusaram todas as propostas para saírem das suas casas e vivem hoje dentro do futuro Parque Olímpico do Rio de Janeiro, ainda em construção. As casas de Márcia Lemos e Heloísa Berto, vizinhas, estão agora rodeadas da vedação de alta segurança, estando a zona envolvente transformada num autêntico estaleiro de obras.
As duas casas são as que restam do que, em tempo, foi uma grande comunidade – Vila Autódromo – com vista para a lagoa de Jacarepaguá. O bairro tinha cerca de 600 pessoas que, uma a uma, foram sendo pagas para se mudarem para outras habitações – com muita polémica e protestos à mistura.
Márcia Lemos, de 59 anos, diz que os €160.000 que a organização dos Jogos Olímpicos que ofereceu para sair da sua casa de três quartos não são suficientes. E lamenta que, desde Dezembro, tenha de ser escoltada por seguranças do Parque Olímpico para entrar e sair de casa. Por outro lado, não pode levar visitas para a sua própria casa, uma vez que o complexo é considerado de alta segurança.
“Não nos avisaram. Numa manhã deixei a minha casa, na Vila Autódromo, e quando cheguei à noite estava a viver no Parque Olímpico”, explicou a organizadora de eventos. Segundo o Mail Online, Márcia acredita que a sua casa vale €320.000 – e esse é o preço que aceita para sair.
Heloísa, por seu lado, nem quer saber de dinheiro e diz que está fora de questão deixar a casa onde criou os seus dois filhos gémeos. “Vivo aqui há 15 anos e não há melhor sítio para viver no Rio de Janeiro. Tenho cães, gatos, tartarugas, gatos e nove tipos diferentes de árvores de fruto no meu jardim”, explicou. “Adoro sentar-me e ver o Sol a pôr-se no lago. É lindo”.
Num cenário dantesco, as duas casas continuam com as suas árvores de frutos, parabólicas e um único ponto de transporte de electricidade, a poucos metros dos recintos olímpicos do Rio de Janeiro – numa altura que faltam apenas seis meses para os Jogos começarem.
As duas mães de família continua o seu dia-a-dia como nada se passasse. O Parque Olímpico do Rio de Janeiro vai custar €2.100 milhões – mas para Márcia e Heloísa, a sua casa não está à venda.
Recorde as ruínas deprimentes dos Jogos Olímpicos de Atenas, depois dos Jogos de 2004, e as de cidade fantasma de Sochi, em 2014. E reveja também algumas das mais famosas casas-prego chinesas.
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