Insólito: Investigador holandês vai cultivar carne em laboratório
O investigador holandês Mark Post está a liderar um projecto de cultivo de carne em laboratório, uma iniciativa que criará o primeiro hambúrguer artificial de sempre e, como é normal, terá a sua grande dose de polémica.
Post e a sua equipa criaram esta carne “artificial” a partir de células estaminais de partes de animais rejeitadas pelos matadouros. Basta um pequeno pedaço de carne ou músculo de 2,5 centímetros para acelerar o processo, que passa por unir estes segmentos a duas peças de Velcro, para lhe dar resistência.
Depois, a equipa criará uma espécie de camada com milhares destes pedaços em cima uns dos outros, adicionará outros pedaços de gordura – que estiveram a crescer em separado – e o hambúrguer low cost aparece.
Mas este não é um hambúrguer normal. Em primeiro lugar, e segundo o próprio Post, o seu sabor “não é lá muito bom”. “[O sabor] não é algo trivial e tem de ser trabalhado”, disse o investigador à Reuters.
Por outro lado, o preço não é nada convidativo: €250 mil [R$600 mil]. Ou seja, o valor global de todo o processo.
A equipa pretende ainda tornar este hambúrguer mais saudável que o original, feito a partir de carne verdadeira.
De acordo com Mark Post, em 2030 a população mundial vai comer cerca de 376 milhões de toneladas de carne por ano, um número altamente insustentável, sobretudo porque as emissões de CO2 associadas a esta indústria não param de subir.
Se a carne artificial – desenvolvida em laboratório – pode ajudar a reduzir as emissões de CO2 nesta indústria em 96%, não é menos verdade que todo este processo não é consensual. “É claro que poderíamos optar por tornarmo-nos vegetarianos ou comer menos carne, mas as tendências não dizem que o caminho será por aí. Ao cultivar carne poderemos ser mais conservadores – as pessoas podem comer carne, mas sem causar muitos problemas”, terminou Post.
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