Só 12% dos portugueses têm por hábito entregar restos de medicamentos nas farmácias



Depois de analisar os dados disponibilizados pela VALORMED, sociedade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso, relativos ao ano de 2016, a associação ambiental Zero chegou a uma conclusão: a grande maioria dos portugueses continua a não encaminhar correctamente os resíduos das embalagens e restos de medicamentos adquiridos. Consequência? Grande parte destes resíduos que não são entregues nas farmácias acabam em aterros ou nas redes de drenagem de águas residuais.

Segundo os dados agora divulgados, a indústria farmacêutica declarou à VALORMED cerca de 315 milhões de unidades de embalagens de venda colocadas no mercado, a que corresponde um potencial de resíduos gerado (embalagens e medicamentos) de 7.462 toneladas. No entanto, os portugueses apenas entregaram cerca de 902 toneladas nas farmácias, ou seja, 12% dos resíduos potencialmente gerados, caso das embalagens, restos de medicamentos…).

“Num sistema que está fortemente dependente da colaboração dos cidadãos, estes números mostram-nos que há muito trabalho a fazer pela VALORMED, particularmente em articulação com as farmácias, para se chegar à meta de 20% de recolha de embalagens definida para 2020 e que é necessário um enorme esforço de sensibilização a ser dirigido junto de quem consome medicamentos”, alerta a Zero em comunicado.

E esta sensibilização passa em grande parte por um esforço para “consciencializar os cidadãos da necessidade de entregarem os resíduos de embalagens e de medicamentos nas farmácias”. Isto porque ainda são desconhecidas quais as consequências ambientais desta prática.

Apesar de não haver qualquer evidência de que a presença de algumas substâncias ligadas ao uso de medicamentos (incluindo as de uso veterinário) nas águas subterrâneas e superficiais possa colocar em risco a saúde humana, existem estudos que constatam que estão a ocorrer impactes em diversas espécies dos meios aquáticos, nomeadamente em peixes. Por outro lado, este tipo de substâncias, conhecidas como poluentes emergentes, não são passíveis de tratamento nos sistemas de saneamento urbano, uma vez que ainda não existe tecnologia para a sua remoção dos efluentes domésticos.

Assim, a Zero “recomenda a todos os cidadãos que ganhem o hábito de separar em suas casas as embalagens vazias e medicamentos fora de uso e os levem consigo sempre que se desloquem à farmácia para adquirir novos medicamentos, para serem depositados no contentor VALORMED e lhes ser dado um destino adequado.”

Foto: via Creative Commons





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