São Francisco e Oakland processam petrolíferas por contribuírem para as alterações climáticas



As cidades norte-americanas de São Francisco e Oakland tomaram medidas legais sem precedentes contra a indústria do petróleo por sua contribuição para a mudança climática. Os dois municípios californianos vão acusar em tribunal cinco grandes empresas petrolíferas – BP, Royal Dutch Shell, Exxon Mobil, Chevron e Conoco Phillips – de usarem estratégias semelhantes às da indústria do tabaco para desacreditar a ciência e ocultar uma ameaça real para a humanidade provocada pela utilização de combustíveis fósseis.

“As companhias petrolíferas têm realizado grandes lucros, mesmo sabendo que estão a colocar as nossas cidades em risco”, disse em comunicado o procurador de San Francisco, Dennis Herrera. “Em vez de reconhecer seu impacto, não fizeram nada além de copiar os truques usados ​​pela indústria do tabaco”, acrescentando: “É hora dessas empresas assumirem a responsabilidade pelos danos que provocaram e continuam a provocar”.

Segundo o noticiado pelo Los Angeles Times e outros meios de comunicação social, o dinheiro reivindicado pelos dois municípios não foi tornado público até agora, mas estima-se que ultrapasse várias centenas de milhões de dólares, em compensações por inundações passadas e futuras, erosão costeira e danos materiais resultantes do impacto do aquecimento global e aumento dos níveis do mar nas duas cidades costeiras.

O processo que deu entrada esta terça-feira no tribunal estadual nos condados de São Francisco e Alameda e acusa os gigantes dos combustíveis fósseis de “uma campanha de desinformação multimilionária” para desacreditar os cientistas e negar que o aquecimento global é real e os combustíveis fósseis são grande parte do problema, explica o El Mundo.

Barbara Parker, procuradora da cidade de Oakland corrobora as afirmações de Herrera, dizendo que “o aquecimento global é uma ameaça existencial para a humanidade, para os ecossistemas e para milhares de espécies no planeta. As empresas mentiram para esconder a verdade e proteger seus lucros astronómicos. A lei é clara e os réus serão responsabilizados pelas consequências de suas acções imprudentes e desastrosas”.

Entretanto, Melissa Ritchie, porta-voz da Chevron, já veio dizer que estas acções judiciais não ajudarão a lidar com o problema das alterações climáticas: “Reduzir as emissões de gases de efeito estufa é uma questão global que requer envolvimento e uma acção global. Se este processo avançar, só servirá interesses especiais à custa de prioridades políticas, regulatórias e económicas mais amplas”.

Mas São Francisco e Oakland não são as primeiras cidades a tomar a iniciativa. Este Verão, os condados californianos de San Matero, Marin e Imperial Beach já deram entrada a processos contra as petrolíferas, e espera-se que outras cidades norte-americanas em ambas as costas possam juntar-se a esta iniciativa legal já nas próximas semana.

Foto: Creative Commons





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