Petrolífera Shell junta-se a ONG ambiental para recuperar Ilha de Shamrock. Será uma nova tendência?



A petrolífera Shell assinou uma parceria com a The Nature Conservancy, uma associação ecológica do Texas, para recuperar a Ilha de Shamrock, naquele Estado norte-americano. É uma parceria incomum, é verdade, mas o Huffington Post explica que esta tendência estará a mudar, à medida que o Estado reduz o financiamento dos projectos ecológicos.

Segundo o agregador norte-americano, a The Natural Convervancy tentou, durante meses, assegurar o financiamento para restaurar a Shamrock Islands, preservando-a como habitat de mais de uma dúzia de aves, muitos delas ameaçadas de extinção. Avaliado em €1,7 milhões (R$ 3,9 milhões), o projecto foi rejeitado a nível federal e estatal.

Como as doações privadas também estão a diminuir, a The Nature Conservancy aceitou um donativo de €372 mil (R$ 851 mil) da Shell para começar com as obras. Esta verba irá assegurar a primeira fase do projecto.

“O governo federal reduziu o investimento em quase todas as áreas relacionadas com a conservação. Não conseguimos verbas sempre que concorremos aos concursos … e agora há ainda menos dólares lá fora”, explicou a directora da associação ecológica, Laura Huffman.

Este menor financiamento do Estado, ironicamente, surge numa altura em os cidadãos se preocupam, cada vez mais, com os assuntos ambientais. Daí que as grandes companhias, incluindo as petrolíferas, redobrem o interesse por projectos como o da Shamrock Islands.

Com 300 mil metros quadrados, a ilha perdeu 68 mil metros quadrados entre 1950 e 1997. Em 1970, o furacão Celia transformou a ilha num refúgio para aves, uma situação que está cada vez mais ameaçada.

Quando a The Nature Conservancy projectou o plano para reconstruir o areal da praia e replantar raízes para construir e proteger os seus limites, não pensou imediatamente em pedir financiamento a uma petrolífera. Mas a verdade é que o projecto só assim será uma realidade.

Outro exemplo: quando o departamento de parques e vida selvagem do Texas viu o seu financiamento descer dos €334 milhões de euros (R$ 764 milhões) para os €247 milhões (R$ 565 milhões) de 2010 para 2012, recorreu às empresas. Entre os apoios garantidos destacam-se a Exxon Mobil e a Encana, que contribuíram, respectivamente, com €186 mil (R$ 425 mil) e €729 mil (R$ 1,6 milhões).

“Estou a ver parcerias que nunca sonhei”, explicou ao Huffington Post Susan Baggett, funcionária da área de Recursos Naturais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que revelou que estas parcerias aumentaram 20% desde 2005.

“Estamos a viver uma época em que o financiamento para este tipo de programas será cada vez menor. Teremos de ser nós a procurar oportunidades criativas de financiamento. Acho que este tipo de parcerias serão cada vez mais a norma”, explicou por sua vez Carter Smith, director-executivo do departamento de parques e vida selvagem do Texas.

E em Portugal e Brasil, seria possível uma parceria destas? Conhece algum caso idêntico? Comente a sua opinião neste artigo – em greensavers.sapo.pt, no Facebook – e escreva-nos para info@greensavers.sapo.pt.





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