Dragagens no rio Sado vão mesmo avançar apesar de protestos
O projeto de melhorias das acessibilidades do Porto de Setúbal vai mesmo avançar, apesar das preocupações demonstradas por ambientalistas e população. O contrato de 24,5 milhões de euros prevê a dragagem do fundo do Rio Sado para permitir a entrada de navios de grande porte no rio. As obras deverão estar concluídas em 2019.
Todavia, esta é uma obra extremamente controversa devido aos seus potenciais impactos ambientais. Apesar de ter sido feita uma Declaração de Impacto Ambiental (DAI) que garante que “não são afetadas áreas sensíveis”, o estudo também admite que as obras podem levar a alterações no equilíbrio da dinâmica do local.
Navios maiores em zona protegida
Entre as muitas preocupações relacionadas com estas obras, está o facto de o Rio Sado ser o único com uma colónia nativa de golfinhos roazes. O fotógrafo Pedro Narra deu o alerta nas redes sociais sobre esta colónia: “Nos anos 80, esta população contava com cerca de 40 animais. Hoje são apenas 28. Este ano nasceram duas crias, uma delas foi encontrada morta há duas semanas. (…) Setúbal e o rio Sado vão enfrentar nos próximos meses o maior atentado ambiental dos últimos anos. O Porto de Setúbal quer dragar o canal marítimo permitindo navios de maior calado entrarem quando existe um Porto de águas profundas em Sines. Nada disto faz sentido em Setúbal e no rio Sado.”
A cidade de Setúbal encontra-se rodeada por três grandes áreas protegidas: o Parque Natural da Arrábida, o parque Marinho Luís Saldanha e o Estuário do Sado, pelo que fica a dúvida sobre como foram autorizadas estas obras que ameaçam a zona, quando o porto de Sines foi exatamente criado para navios de grande porte.
Manifestação marcada para dia 3
Para o próximo dia 3 de outubro já está marcada uma ação de protesto contra esta obra na Praça do Bocage, em Setúbal, às 21 horas.
O texto dos organizadores, refere que “Cabe a qualquer cidadão de Setúbal questionar a entrada das dragas que vão destruir grande parte das razões que trazem turismo à cidade, e que ainda fazem esta baía uma das 10 baías mais belas do mundo. As dragagens que estão previstas para o rio Sado vão ter consequências brutais sobre a cidade, as pessoas que vivem do rio e a saúde do ecossistema.”