Bactérias e fungos tornam as plantas resilientes às alterações climáticas
Inês Rocha, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), desenvolveu e testou um método para aumentar a resiliência das plantas às alterações climáticas e, em simultâneo, reduzir o uso de agroquímicos. O método recorre a bactérias e fungos, em separado ou de forma combinada, e foi desenvolvido no âmbito da sua tese de doutoramento, orientada por Rui Oliveira.
A investigadora descobriu que é possível aumentar a resiliência das plantas a stresses ambientais como as mudanças climáticas, inoculando-as com bactérias presentes na rizosfera (na zona da raiz) e fungos micorrízicos. Estes micro-organismos possuem diferentes mecanismos de ação direta na planta (através da absorção de nutrientes, do fornecimento de água, etc.), ou indireta (por exemplo, protegendo a planta de pragas ou melhorando a estrutura do solo) que promovem o crescimento das plantas de uma forma mais resistente, permitindo a sua sobrevivência independentemente da degradação ambiental.
Os resultados alcançados até agora, afirma Inês Rocha, «são promissores, demonstrando vantagens na aplicação do método desenvolvido. Nos ensaios de avaliação do stress hídrico, as bactérias tiveram um efeito positivo no rendimento da cultura e os fungos foram responsáveis pelo aumento da absorção de nutrientes.»
Com o prolema das alterações climáticas, «esta abordagem apresenta-se como uma solução eficiente e de baixo custo para promover uma agricultura sustentável através da redução do uso de agroquímicos e do aumento da sobrevivência das plantas face a stresses ambientais, como os problemas das secas, inundações e salinização dos solos», sublinha a investigadora da FCTUC.
O projeto, iniciado em 2015, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).