Portugal será neutro do ponto de vista do carbono em 2050



O Governo reafirmou o compromisso de tornar o país neutro do ponto de vista carbónico até 2050, durante a apresentação do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.

Para tal, serão implementadas medidas relacionadas com o aumento da eletrificação da economia para 65%, da produção de energia solar, a redução das emissões de gases com efeito de estufa da indústria em 70% ou de resíduos urbanos em 25%.

O roteiro refere também que a próxima década será decisiva para Portugal, com mais setores da economia a usarem a eletricidade produzida a partir de energias renováveis como fonte energética, de modo a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa entre 85% a 99% em relação a 2005.

Pretende-se que, em 2030, 80% da energia produzida provenha de fontes renováveis, chegando aos 100% progressivamente vinte anos mais tarde. A redução de emissões de gases com efeito de estufa mais significativa deverá ocorrer entre 2020 e 2023.

 

Menos emissões e mais floresta
O Governo diz que é necessário reduzir de 68 para 12 megatoneladas as emissões de CO2 e aumentar a capacidade da floresta portuguesa sequestrar dióxido de carbono das atuais 9 para 12 megatoneladas. É necessário também apostar na economia circular.

A propósito da recuperação florestal, o Ministro do Ambiente e Transição Energética referiu que importa «aumentar ligeiramente a área florestal do País, reduzido a área média ardida por ano em cerca de 40 %.» Relativamente à agricultura, deverão aumentar «as áreas de pomares hortícolas» e de «agricultura de precisão», onde se inclui o aumento dos regadios e a diminuição do uso de fertilizantes.

 

Eletricidade e combustíveis
O Ministro referiu também que, de acordo com o roteiro, «em 2030, 80% da energia elétrica produzida» em Portugal virá «de fontes renováveis» e, «em 2050, 100%».

«A nossa dependência energética do exterior é hoje de 75%. Em 2030 será de 65% e, em 2050 de 17%», afirmou o Ministro, acrescentando que «o uso de petróleo, que hoje ultrapassa os 65 milhões de barris ao ano, não irá além dos 10 milhões, em 2050», ano em que «já não será usado na mobilidade terrestre».

 

Mobilidade
No caso da mobilidade, o Ministro referiu que «a redução de preços que resultará da massificação dos carros elétricos conduzirá a que, já na próxima década, deixe de ser eficaz comprar um carro a gasóleo e, na década seguinte», a gasolina.

«Este é o melhor desincentivo à introdução dos motores a combustão», afirmou, acrescentando que também «na atividade dos transportes, em 2050» haverá «uma incorporação crescente de biocombustíveis».

 

Portugal protagonista na neutralidade carbónica
O Ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, referiu que «a neutralidade carbónica é um desafio para o mundo» e que Portugal, dada a sua posição geográfica de zona costeira e proximidade com o norte de África, deverá estar «na linha da frente das alterações climáticas».

«Tempestades tropicais tornaram-se rotina e vamos convivendo com fogos de intensidade e magnitude inimagináveis ainda há dez ou 20 anos atrás», disse Siza Vieira.

 

Boas intenções ou ações concretas?
O roteiro apresentado pelo Governo é, no fundo, um guia com intenções para as próximas décadas, mas nada garante que estas intenções se venham a concretizar em ações concretas. Há grandes desafios pela frente, razão pela qual a associação Zero já havia pedido que se criasse uma Lei Climática, para que o país fosse obrigado a cumprir as suas próprias intenções e, deste modo, salvaguardar os portugueses da desgraça climática.





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