Praga de gafanhotos ameaça África
Quando a mancha densa começou a escurecer o céu, os habitantes da região de Wamba, no Quénia, pensaram que fosse o prenúncio de chuvas refrescantes e bem-vindas. Rapidamente, a esperança transformou-se em terror quando se aperceberam que a mancha era, afinal de contas, um exército de gafanhotos-do-deserto – insetos que desde dezembro do ano passado já deixaram um rasto de destruição por este país africano.
“Parecia que um guarda-chuva tinha coberto o céu inteiro”, descreveu Joseph Katone Leparole, um habitante de Wamba, ao jornal The New York Times. Na escola local, as crianças gritavam de terror, e os animais também entraram em pânico. Mas o Quénia não se encontra sozinho nesta luta. Somália, Etiópia, Djibouti, Sudão, Sudão do Sul, Uganda e Tanzânia já estão a defender-se das nuvens de milhões de gafanhotos, que conseguem percorrer até 150 quilómetros por dia, ameaçando provocar uma crise alimentar sem precedentes.
A agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla inglesa), que classificou esta crise como a pior dos últimos 25 anos, pediu, com urgência, um financiamento de 76 milhões de dólares, dos quais já recebeu 20, para erradicar os insetos, que se reproduzem rapidamente em ambientes húmidos e quentes.
Aos camponeses mais humildes, resta baterem com panelas para criar um som agudo que ajuda a afugenta os gafanhotos das suas casas.