Descoberto fóssil de tubarão com 370 milhões de anos que girava os dentes afiados para caçar
Os cientistas acreditam que o tubarão desenvolveu a sua mandíbula rotativa para acomodar o crescimento dos dentes.
Foram descobertos fosseis de um tubarão pré-histórico que habitava as águas circundantes de Marrocos e com base nestes restos mortais uma equipa de cientistas efetuou um estudo, que sugere que este tubarão possuía a terrível habilidade de girar a sua mandíbula, onde uma fileira de dentes afiados era projetava para fora quando a sua boca abria para se alimentar.
De acordo com a Live Science, este tubarão pré-histórico chamado Ferromirum oukherbouchidates viveu há 370 milhões de anos. Era um predador feroz do oceano com um corpo ágil e esguio, tinha um focinho triangular curto com olhos excecionalmente grandes, com órbitas ocupando cerca de 30 por cento do comprimento total da sua caixa craniana.
Num estudo publicado na revista Communications Biology, os cientistas examinaram o crânio e a mandíbula do tubarão pré-histórico utilizando tomografia computadorizada de raios-X (TC) e, em seguida, criaram um modelo 3D para realizar testes físicos.
A maior diferença que os investigadores encontraram entre o F. oukherbouchidates e os seus irmãos modernos foi a sua estrutura dentária única. Os tubarões modernos perdem facilmente qualquer dente desgastado pela sua poderosa mordida e rapidamente um novo dente nasce no mesmo lugar.
Mas as mandíbulas do tubarão pré-histórico eram completamente diferentes. Sempre que o tubarão pré-histórico perdia um dos seus dentes, um novo dente brotava numa fileira na parte interna da mandíbula, ao lado dos dentes mais velhos. Ao nascer o novo dente não crescia para cima, mas curvava-se para dentro em direção à língua do tubarão, essencialmente achatando a sua fileira de dentes quando a sua boca estava fechada.
Quando o tubarão pré-histórico abria a boca, a cartilagem na parte de trás da mandíbula flexionava-se de modo que os lados da mandíbula “dobravam” para baixo e os dentes mais novos e afiados giravam para cima. Isso permitia que o tubarão pré-histórico lançasse uma mordida notavelmente letal na sua presa utilizando o máximo de dentes possível.
Quando a mandíbula do tubarão fechava novamente, a força da sua mandíbula empurraria a água do mar e a sua presa para baixo em direção à garganta enquanto, ao mesmo tempo, os seus novos dentes afiados giravam para dentro para prender a sua presa. Este método de alimentação horrível é conhecido como alimentação por sucção.
O notável movimento do padrão da mandíbula, escreveram os cientistas, era diferente de tudo já encontrado em qualquer peixe vivo até hoje. Esta mandíbula giratória desapareceu à medida que as espécies modernas de tubarão evoluíram, equipadas com um rápido crescimento dentário.
A descoberta deu aos investigadores uma oportunidade chave para entender melhor as funções biológicas da mandíbula nos primeiros condrichthyans, a classe animal que inclui tubarões e raias.
O novo estudo também pode ajudar os cientistas a perceber como essa combinação especializada de movimento da mandíbula e posicionamento dos dentes foi distribuída pela árvore genealógica dos tubarões e descobrir como os agrupamentos de dentes entre as espécies modernas de tubarão evoluíram.