Saiba o que deve fazer se o seu animal estiver deprimido



Em Novembro de 2013, quando foi adoptado, o cão Fred estava em tão mau estado que o veterinário sugeriu que o melhor seria sacrificá-lo. Mas Maria José, que o tinha adoptado, opôs-se: ela via um cão cheio de energia, sempre pronto para a brincadeira e com um apetite insaciável, ainda que uma das patas estivesse partida e o seu exame para a leishmaniose tenha dado positivo.

Durante o tempo que ficou em casa, em recuperação, Fred permaneceu em casa, longe das ruas que o tinham acolhido durante tanto tempo. Quando começou a sair, o cão ficava nervoso, tirava a coleira e latia sem parar.

Em Janeiro de 2015 as acções do animal começaram a preocupar Maria José. “Gritava como se o estivesse a matar, de cada vez íamos sair. Latia histericamente quando via uma moto, bicicleta ou outro cão, corria desesperadamente quando estava com coleira. Era simplesmente impossível sair com ele”, explicou Maria José em declarações à BBC.

Então, a espanhola percebeu que estar na rua causava ansiedade ao seu animal e que ele não conseguia obedecer a nenhuma ordem. “Os cães têm memórias e traumas”, explicou ao canal telvisivo. “É muito possível que o pânico que Fred sente quando vê motos seja causado pelo facto de ele já ter sido atropelado”.

Com este cenário, Maria José levou o cão à organização espanhola MiaCrok. Lá, a terapeuta e educadora canina Alab Fernández, que tem ampla experiência com animais abandonados, disse que o estado de Fred era resultado de toda a dor acumulada na rua e nos tratamentos a que foi submetido.

“É como ter dois cães: o Fred de casa, doce, tranquilo, leal e obediente, e o Fred de fora de casa: histérico e agressivo com outros cães”, afirma. “Se soubesse a quais sinais de stress canino deveria prestar atenção, não teríamos chegado a esta situação extenuante e dolorosa para nós dois.”

Segundo o biólogo comportamental e psicólogo de animais Dennis Turner, director do Instituto de Etologia Aplicada e Psicologia Animal, da Suíça, não se pode ignorar qualquer mudança significativa no comportamento do animal: perda de apetite, inactividade incomum, comportamentos destrutivos quando são deixados sozinhos em casa ou tentativas de escapar ou de se esconder.

Para a norueguesa Turid Rugaas, treinadora de cães e considerada uma grande especialista na área, um cachorro pode estar cronicamente estressado se está nervoso, deprimido ou com medo; fica incomodado ou se sente ameaçado com muita facilidade; apresenta um comportamento histérico; não manifesta curiosidade; reage com exagero ao toque ou a ruídos.

O que os donos devem fazer?

1.Observar o animal com cuidado e objectividade.

2.Dar atenção especial a mudanças em longo prazo e anotá-las.

3.Uma vez confirmado que o problema é real e não apenas um capricho no estado de ânimo do animal de estimação, consulte um veterinário behaviorista (linha da psicologia ligada ao comportamento) ou um psicólogo de animais com um diploma de uma sociedade profissional.

4.Não castigar o animal.

5.Não se mostrar incomodado ou ameaçador.

6.Não o prender nem colocar coleiras.

7.Permitir que ele construa sua autoconfiança para que enfrente as situações.

8.Alimentá-lo bem e deixar que ele durma o suficiente.

9.Fazer-lhe companhia, limitar as restrições físicas e estimulá-lo mentalmente.





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