Eventos climáticos extremos causaram a morte a mais de 140 mil europeus em 40 anos
Eventos climáticos extremos, como vagas de calor ou inundações, que devem aumentar nos próximos anos como resultado das alterações climáticas, custaram 142.000 vidas e quase 510 biliões de euros na Europa nos últimos 40 anos, foi hoje divulgado.
A Agência Europeia do Ambiente (AEA), com sede em Copenhaga, responsável pelo estudo divulgado hoje, apela a medidas de adaptação contínuas, quer a nível individual, quer dos estados.
E alerta que apenas um quarto dos danos registados estavam protegidos por seguros.
Eventos climáticos como vagas de calor, mas também períodos de frio, secas ou incêndios florestais são responsáveis por 93% do total de mortes e 22% dos prejuízos financeiros, refere o relatório, citado pela agência AFP e que tem como base dados da organização CATDAT.
As perdas humanas são muito menores nas inundações, mas estes desastres foram os que causaram maiores prejuízos, 44% do total, à frente de tempestades (34%).
Alguns eventos muito graves concentram grande parte do prejuízo: 3% dos desastres identificados são responsáveis por cerca de 60% do custo financeiro entre 1980-2020.
Só a vaga de calor de 2003 causou a morte a cerca de 80.000 pessoas nos 32 países europeus analisados, que incluem os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), bem como a Turquia e o Reino Unido.
Em geral, a Organização Meteorológica Mundial estima que o número de desastres relacionados com o clima aumentou nos últimos 50 anos, causando mais danos materiais, mas menos mortes.
Para a AEA, os dados dos últimos 40 anos não permitem concluir com clareza que estes fenómenos aumentaram por causa das alterações climáticas, devido aos danos muito irregulares, consoante o ano, mas este organismo aponta que o risco aumentará num futuro muito próximo.
“Todos os desastres que descrevemos como relacionados com o clima e devido ao clima são influenciados pelas condições climatéricas. Mas isso não significa que todos sejam influenciados pelas mudanças climáticas”, realçou à AFP um especialista desta agência europeia, Wouter Vanneuville.
Estudos recentes demonstram que a frequência e a gravidade de eventos, como secas e incêndios florestais, são melhor explicados quando se tem em conta as alterações climáticas, vincou o especialista.
Por outro lado, para desastres resultados de chuvas de granizo, por exemplo, ainda faltam evidências.
Na Europa, os modelos climáticos preveem eventos mais frequentes e mais severos, sejam tempestades, inundações, deslizamentos de terra (húmidas ou secas) e incêndios florestais, alertou.
“Para alguns tipos de fenómenos, como tempestades não tropicais, o sinal climático na Europa não é claro e, portanto, não é certo que estes aumentarão. Mas, para outros, como secas (não apenas no Mediterrâneo, mas na maioria da Europa), as previsões climatéricas apontam para uma intensificação”, explicou Wouter Vanneuville.
A AEA recomenda medidas tomadas a nível individual e estatal para evitar riscos associados a eventos extremos e limitar os dados.
“Desde 2003, as ondas de calor causaram menos mortes graças à implementação de medidas de adaptação”, como a instalação de aparelhos de ar condicionado, aponta a agência.
A nível nacional, a Alemanha é o país europeu que mais sofreu com 42.000 mortes e perdas financeiras no valor de 107 biliões de euros.
Seguem-se a França, com 26.700 mortos e 99 biliões de euros em danos, e a Itália (21.600 mortos e 90 biliões de euros).
Apenas 23% das propriedades que sofreram danos materiais em toda a Europa estava protegidas com seguros, embora as disparidades neste ponto sejam enormes: 1% na Roménia e Lituânia, face a 55% nos Países Baixos ou 56% na Dinamarca.
Desastres como terramotos e erupções vulcânicas não estão incluídos nestes números, pois não são eventos meteorológicos.