Nova espécie de dinossauro dos Pirenéus descrita por paleontólogos portugueses e espanhóis



Uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis descreveu uma nova espécie de dinossauro do género titanossauro, o Abditosaurus kuehnei. Com 17,5 metros de comprimento e 14.000 kg, este animal pré-histórico habitou na Europa no período do Cretáceo Superior, há cerca de 70,5 milhões de anos.

As escavações decorreram em 2014 no sul dos Pirenéus, mas a história da descoberta deste fóssil já acumulou décadas de trabalho; foi em 1954 que o paleontólogo Walter Kühne recolheu os primeiros restos mortais do dinossauro. Foram desenterrados 53 elementos do esqueleto, desde vértebras, a costelas e dentes. Este foi considerado o espécime de titanossauro mais completo até agora descoberto no continente europeu.

“Os titanossauros do Cretáceo Superior da Europa tendem a ser pequenos ou médios devido à sua evolução em condições insulares”, explicou Bernat Vila, paleontólogo do Instituto Catalão de Paleontologia Miquel Crusafont. “Por isso ficámos surpreendidos com as grandes dimensões deste espécime”.

Como relatam os autores no artigo, publicado na revista científica Nature, este dinossauro pertenceu a um grupo da América do Sul e de África. Uma possibilidade é que este tenha chegado à ilha Ibero-Armórica (hoje Península Ibérica e o sul de França) devido à redução do nível do mar.

Albert Sellés, paleontólogo do Instituto Catalão de Paleontologia Miquel Crusafont, refere que existem “outras evidências que apoiam a hipótese da migração. No mesmo local encontrámos cascas de ovos de espécies de dinossauros conhecidas por terem habitado o Gondwana”.

Como acrescenta o investigador Miguel Moreno, do Museu de Lourinhã e da Universidade NOVA de Lisboa, “Durante o Jurássico e o Cretáceo, a Península Ibérica foi o ponto de ligação entre a Eurásia, África e a América do Norte. Estudar como o Abditossauro se relaciona com a fauna destes continentes ajuda-nos a perceber quando existiam ligações entre eles, e quando se isolavam”, afirma.

O estudo contou com investigadores da Universidade NOVA de Lisboa, Universidade Autónoma de Barcelona, Universidade de Saragoça, do Museu de Conca Dellà e do Instituto Catalão de Paleontologia Miquel Crusafont.





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