Investigadores portugueses alertam para o impacto das alterações climáticas nos cavalos-marinhos



Os cavalos-marinhos estão entre os peixes que irão sofrer mudanças com as alterações climáticas, de forma a adaptar-se. É o que sugere um grupo de investigadores do MARE-Ispa, que desenvolveu um estudo onde analisou o efeito do aquecimento do oceano no comportamento e fisiologia do cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus).

Para a investigação foram recolhidos espécimes do Estuário do Sado, tendo a sua avaliação sido feita no Biotério de Organismos Aquáticos do Ispa. Em condições laboratoriais controladas, casais desta espécie foram expostos a temperaturas mais elevadas que simulam o efeito provocado pelas alterações climáticas previstas para o final deste século. Os resultados revelam que a exposição a temperaturas elevadas, ou seja, que excedem a temperatura máxima que a espécie encontra no seu habitat, poderão implicar elevados custos energéticos e uma diminuição da sua condição corporal.

Apesar dos cavalos-marinhos terem resiliência térmica e capacidade de adaptação a curto prazo, o gasto de energia que a exposição a temperaturas mais elevadas pode acarretar, a médio-longo prazo, poderá trazer consequências ao nível do crescimento e sobrevivência da espécie”, explica Ana Margarida Faria, investigadora do MARE-Ispa e coordenadora do estudo.

Os indivíduos expostos às temperaturas mais elevadas revelaram maior atividade e maior ingestão de alimento, no entanto, este aporte energético extra não foi suficiente para suprir as necessidades provocadas pelo stress térmico, tendo-se observado a perda de peso nestes casais”, refere ainda Miguel Correia, investigador do MARE-Ispa e da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Como revelam os cientistas, o Estuário do Sado é um dos maiores estuários e hotspots de biodiversidade da Europa, onde reside uma comunidade populacional das espécies cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) e cavalo-marinho-comum (H. hippocampus). “No entanto, pouco se sabe sobre a sua distribuição, abundância, densidade, diversidade, ameaças ou a sua relação com o habitat”, alertam, acrescentando que “Estas espécies, assim como o seu habitat preferencial, as pradarias de ervas-marinhas, estão ameaçadas e protegidas por leis nacionais e internacionais, pelo que é de crítica importância aumentar o conhecimento científico”.





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