Estes são os vencedores do Prémio Equador 2022
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento elegeu ontem os dez povos indígenas e comunidades locais vencedoras do Prémio Equador 2022. A 13ª edição do concurso foca-se em organizações que desenvolveram soluções inovadoras baseadas na natureza para criar uma rede de segurança a nível planetário e ajudar a redefinir a prosperidade, o desenvolvimento local e o nosso relacionamento com a natureza. A par com o tema do Dia Internacional dos Povos indígenas, celebrado ontem, “O Papel das Mulheres Indígenas na Preservação e Transmissão do Conhecimento Tradicional”, quatro das vencedoras são iniciativas lideradas por mulheres, todas as dez promovem a igualdade de género na sua comunidade e todas mostram a importância de colocar o conhecimento tradicional e as soluções baseadas na natureza no centro do desenvolvimento local.
As organizações premiadas focam-se em três prioridades temáticas: Criar uma rede de segurança planetária, Redefinir a nossa relação com a natureza e Criar uma nova economia verde e inclusiva para as pessoas e o planeta. Estas foram selecionadas de um conjunto de 500 concorrentes de 109 países, sendo originárias do Brasil, Argentina, República Democrática do Congo, Equador, Gabão, Gana, Panamá, Papua Nova Guiné e Moçambique.
Conheça os vencedores do Prémio Equador 2022:
RED TICCA “Territorios de Vida en Argentina” – Argentina
O consórcio de povos indígenas está a conservar, administrar e governar 3,5 milhões de hectares de “Espaço Vivo”, através da maior rede de Conservação e Áreas Conservadas Indígenas (ICCA) do país. Esta rede permite que eles defendam o seu direito ao Consentimento Informado, Esclarecido e Livre, bem como pressionem para que os seus valores culturais sejam integrados nas políticas públicas.
Associação Bebô Xikrin do Bacajá – Brasil
Ao trabalhar na área indígena Trincheira Bacajá, no Brasil, a Associação Bebô Xikrin do Bacajá desenvolveu um sistema de produção sustentável de óleo de coco. A ação local das mulheres Xikrin transformou o conhecimento ancestral da comunidade numa oportunidade de rendimento que financia a conservação das suas terras.
Associação Rede de Sementes do Xingu – Brasil
A associação reuniu mulheres de 25 comunidades indígenas, agrícolas e urbanas para recolher e comercializar mais de 220 espécies diferentes de sementes para a reflorestação ecológica, em larga escala, da Amazónia e do Cerrado. Assim, foi possível gerar um rendimento superior a 684 mil euros e empoderar financeiramente as mulheres indígenas de toda a região.
Mbou-Mon-Tour – República Democrática do Congo
A organização desenvolveu um sistema local de conservação de ecossistemas, que promove a coexistência de povos indígenas e comunidades locais com populações locais de Bonobo. Conseguiram isso através de uma estrutura legal de Concessões Florestais Comunitárias Locais que são especificamente criadas para proteger a biodiversidade nativa e respeitar os costumes locais.
Coordinadora Nacional para la Defensa del Ecosistema Manglar (C-CONDEM) – Equador
Este promove a reflorestação participativa e comunitária de manguezais, recuperando as áreas desflorestadas pela aquacultura industrial e promovendo um uso da terra alternativo, sustentável e inclusivo. No C-CONDEM, as mulheres rurais de uma minoria afro-equatoriana combatem incansavelmente o desmatamento de manguezais através do ativismo e de campanhas globais de restauração dos direitos ecológicos das comunidades costeiras do Equador.
Organisation Écologique des Lacs et de l’Ogooué (OELO) – Gabão
A organização criou uma solução sustentável para a gestão de recursos de água doce dentro e ao redor do maior sítio Ramsar do Gabão – o Bas Ogooué. Esta conseguiu criar o primeiro plano de gestão sustentável de pesca de água doce escrito pela comunidade, que foi assinado em lei em 2018, melhorando a vida dos pescadores locais e criando inúmeras oportunidades económicas na região.
Sunkpa Shea Women’s Cooperative – Gana
Esta cooperativa liderada por mulheres indígenas está a dar um exemplo de produção sustentável de mercadoria através da sua cooperativa de produção de manteiga de karité. O grupo conseguiu integrar sua produção orgânica em cadeias de abastecimento internacionais, melhorando a vida de 800 mulheres.
Ocean Revolution Moçambique – Moçambique
A organização está a capacitar as comunidades locais ao redor da Baía de Inhambane para desempenharem um papel central na decisão de como melhor conservar os seus recursos marinhos. Ao incentivar a comunidade a participar ativamente nos esforços de conservação, a organização treina a próxima geração de mergulhadores de ecoturismo e a conservação da região.
Organización de Mujeres Indígenas Unidas pela Biodiversidad de Panamá (OMIUBP) – Panamá
Liderada por mulheres, esta organização indígena promove conhecimentos sobre biodiversidade, alterações climáticas e técnicas tradicionais de conservação.
Mauberema Ecotourism, Nature Conservation, Education Research & Training Center – Papua Nova Guiné
Esta organização está a liderar um consórcio de organizações comunitárias indígenas com o objetivo de conservar os seus ecossistemas. Como é liderada por jovens, estes optaram por fazer também uma parceria com universidades locais, para estimular a juventude indígena a ser os futuros profissionais de conservação do país.