Pelo menos 47 espécies de vertebrados são suscetíveis ao uso ilegal de venenos na Península Ibérica



O número de espécies que são afetadas pelo uso ilegal de venenos sobre a biodiversidade na Península Ibérica. é maior do que se previa: no total, pelo menos 47 espécies de vertebrados, entre os quais aves, mamíferos e répteis. A grandeza desta ameaça era, até ao momento, desconhecida devido à reduzida taxa de deteção dos casos de envenenamento no meio natural.

O estudo, intitulado “Unraveling the real magnitude of illegal wildlife poisoning to halt cryptic biodiversity loss”, teve como base um trabalho de campo de larga escala que consistiu na colocação de iscos simulados (quase 600) distribuídos em áreas representativas dos principais ecossistemas da Península Ibérica e avaliação da biodiversidade suscetível a esses iscos, que foram monitorizados com recurso a câmaras de armadilhagem fotográfica, sublinha a organização Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.

Segundo a mesma fonte, os dados apurados mostraram que cerca de 3.100 indivíduos consumiram os iscos e que pelo menos 47 espécies de vertebrados são suscetíveis ao uso ilegal de venenos na Península Ibérica, desde pequenos roedores como ratos e leirões, répteis como lagartos e cobras, e grandes predadores como lobo, urso e águias. Destas espécies, 25% estão ameaçadas a nível nacional ou internacional.

Raposa, corvo, grifo, fuinha, marta, várias espécies de roedores, o javali e o cão mais susceptíveis ao envenenamento

As espécies que consumiram os iscos simulados com maior frequência, sendo, portanto, mais suscetíveis ao envenenamento, foram a raposa, o corvo, o grifo, a fuinha e a marta, várias espécies de roedores, o javali e o cão.Além de mostrar que espécies de fauna são mais suscetíveis ao envenenamento, o estudo também desenvolveu modelos estatísticos capazes de prever o número de espécies e indivíduos afetados num evento de envenenamento, de acordo com o tipo de isco utilizado e o habitat onde este foi colocado. A investigação descobriu, adicionalmente, como o tipo de isco e o habitat onde se encontra exercem influência sobre quais são as espécies mais suscetíveis de serem envenenadas, o que poderá ajudar a orientar a busca no terreno em caso de envenenamento.Os resultados “permitiram desvendar a verdadeira dimensão do impacto do uso ilegal de venenos dirigido à fauna silvestre nos principais ecossistemas da Península Ibérica e ajudarão a melhorar as ações de inspeção de iscos no território e animais envenenados no meio natural e combater de forma mais eficaz esta grave ameaça para a biodiversidade”.

O estudo foi desenvolvido por investigadores da Universidad Autónoma de Madrid, do Instituto Mixto de Investigación en Biodiversidad, do Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos, todos em Espanha, e da organização não governamental de ambiente portuguesa Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, em colaboração com o Parque Nacional de Monfragüe, também em Espanha.Em Portugal, os trabalhos foram realizados pela equipa da Palombar em áreas da Rede Natura 2000 e da Rede Nacional de Áreas Protegidas, nomeadamente no Parque Natural do Douro Internacional e Zonas Especiais de Conservação e Zonas de Proteção Especiais Douro Internacional e Vale do Águeda e Rios Sabor e Maçãs, no âmbito do projeto Sentinelas – Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre, financiado pelo Fundo Ambiental.

 

 





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