Entrevista a Marco Rebelo: “As trotinetes permitiram que os transportes públicos estivessem menos lotados durante a pandemia”



No âmbito da semana europeia da mobilidade, a Green Savers falou com Marco Rebelo, City Manager da Whoosh para Lisboa, a recente plataforma de aluguer de trotinetes elétricas na capital. Para o responsável, a pandemia “tornou as pessoas mais cuidadosas e cautelosas” e as trotinetes “permitiram que os transportes públicos estivessem menos lotados”. Marco Rebelo diz ainda que “é necessário melhorar a cultura da condução”.

– É a mais recente plataforma de aluguer de trotinetes elétricas na capital. O que é que vos distingue das concorrentes Link, Bird e Bold?

A Whoosh iniciou a sua operação em Lisboa a 15 de julho, e tornou-se no mais recente player a entrar neste mercado. Nós trabalhamos no sentido de adotar uma abordagem de estacionamento fixo, pois acreditamos que as trotinetes não devem ser deixadas ao acaso pelas ruas. Quem não usa trotinetes não deve sofrer com a sua presença, e também por isso comprometemo-nos a trabalhar no sentido de ordenar as ruas da cidade. Esta abordagem de parking é nova no mercado. Temos uma grande esperança de que os cidadãos apreciem esta forma de estar.

Um segundo aspeto que nos distingue é a frota. Whoosh entra no mercado de Lisboa com 2 mil veículos novos. Esta é uma frota moderna que torna o transporte em e-scooter mais fiável e seguro. Cada e-scooter da Whoosh tem uma especial atenção diária por parte da nossa equipa. O objetivo da marca é oferecer uma frota moderna em bom estado de utilização. Neste momento, os veículos já são reconhecidos como uma nova e robusta frota, rodas em excelente estado de conservação e uma boa limpeza das mesmas.

O apoio ao cliente é também um fator diferenciador. A Whoosh tem um chat na aplicação que permite aos utilizadores resolver qualquer problema de forma célere. Os utilizadores recebem uma resposta em 1-2 minutos por parte dos gestores (não um bot).

– Foi a pandemia que abriu espaço para mais uma marca deste tipo de transporte?

A pandemia tornou todas as pessoas mais cuidadosas e cautelosas. Os cidadãos tornaram-se mais atentos à sua saúde e à forma como utilizam os espaços públicos, incluindo os transportes. Uma e-scooter permite manter uma distância social e atender às necessidades de locomoção dentro da cidade, em segurança. As trotinetes permitiram que os transportes públicos estivessem menos lotados durante a pandemia, dando a oportunidade às pessoas de se deslocarem dentro da cidade, mantendo a distância social.

– É proibida a circulação de veículos de serviços de partilha em arruamentos pedonais, praças, jardins urbanos e passeios, mas são diários os relatos de desrespeito pela lei. De que forma pode a vossa plataforma ajudar a solucionar esta questão?

Antes das pessoas darem início à sua deslocação, pedimos sempre que verifiquem as regras sobre como andar de trotinete. Temos também uma página online com as principais regras, onde aconselha todos os utilizadores a andar em segurança, é uma página de fácil acesso e gratuita para qualquer pessoa.

– A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal denunciou recentemente que o uso “desenfreado e sem civismo” de trotinetes aumentou o medo de usar o espaço público nas pessoas invisuais, agudizando o sentimento de isolamento de quem não vê. Como é que se pode tornar a circulação segura?

As trotinetes, por si, são veículos seguros, a forma de condução é que pode fazer com que se tornem perigosas. Percebemos que é necessário melhorar a cultura da condução. Não há assim tantos aspetos a considerar, mas é preciso estar familiarizado e respeitar. Na escola de condução online Whoosh compilamos as regras para se conduzir uma scooter elétrica com segurança, num ambiente urbano. As três regras principais são: os peões têm sempre prioridade; ao atravessar a estrada é preciso sair da trotinete e levá-la à mão; não podem andar duas pessoas na mesma e-scooter. O cumprimento das regras tornará a presença de e-scooters na cidade muito mais segura e confortável para todas as pessoas que andam na rua.

-A ANSR vai lançar campanha para educar condutores de trotinetes. Acha que as pessoas que usam estes meios não estão conscientes de que as regras do Código da Estrada também se lhes aplicam e que podem ser punidos por comportamentos como conduzir com excesso de álcool no sangue, circular em cima do passeio ou em sentido contrário?

Somos totalmente a favor de uma necessária breve formação para quem anda de trotinete. As e-scooters elétricas são um novo transporte para as cidades modernas, e os cidadãos, condutores e peões devem habituar-se a isso e, com a devida capacidade de adaptação às regras de trânsito. É extremamente importante desenvolver uma cultura de condução ética, democratizar as regras e apelar à responsabilização, razão pela qual o nosso serviço está disponível apenas para maiores de 18 anos.

– Quais os requisitos e necessidades deste pequeno veículo elétrico?

Para utilizar o meio de transporte Whoosh basta apenas fazer download da app e subscrever o serviço. Na fase inicial da app, há uma breve explicação sobre regras e comportamentos a ter quando se desloca de trotinete. Todas as pessoas deverão ler essas guidelines antes de começar o seu teste de condução. Mais uma vez, reforço, o utilizador deve ser maior de idade e ter um comportamento cívico e ético, o que significa, desde logo, respeito pelos outros condutores e peões.

-Qual a duração da bateria?

Na app será possível ter uma previsão em minutos e quilómetros relativamente ao estado da bateria. Naturalmente, são dados aproximados e depende sempre de fatores externos: perfil do condutor e temperatura exterior. Assim que a trotinete começar a ficar sem bateria, a aplicação enviará uma notificação, a qual menciona que está no momento de estacionar. O utilizador tem de seguir em direção ao parque de estacionamento virtual mais próximo, o que é possível aferir através da app. Assim que a carga estiver a terminar, a e-scooter mudará para o modo económico, ou seja, não permitirá uma deslocação acima dos 15 km/h. Quando terminar, a trotinete desligará o motor e os utilizadores terão que a empurrar e levar em mãos até ao local mais próximo e seguro.

-Quantos quilómetros fazem com uma bateria carregada?

As e-scooters Whoosh andam até aos 25 km/h e a bateria dura mais de 30 km. No entanto, é impossível prever o distanciamento exato, pois isso vai depender do peso da pessoa que conduz, da paisagem urbana, do pavimento rodoviário e até mesmo das condições meteorológicas.

– Em que fase estão os testes de deteção de dois utilizadores numa mesma trotinete?

A fase de testes está praticamente finalizada, neste momento encontra-se a ser testada em inúmeras trotinetes. Assim que os testes estiverem finalizados, a tecnologia será implementada em todos os veículos da nossa marca.

É uma tecnologia bastante complexa, a elaboração deste algoritmo levou mais de um ano, pois é mais do que uma simples medição do peso da pessoa que conduz a e-scooter. Ou seja, permite identificar a diferença entre estar, por exemplo, uma pessoa de 90kg a conduzir, ou duas pessoas que pesem no seu todo esses mesmos 90kg.

Em pouco tempo será possível perceber quem está a violar esta regra, com a ajuda da tecnologia IoT usada. E quando tal ocorrer, a trotinete não sairá do mesmo local.

Esta tecnologia de deteção de viagens a dois faz parte do projeto analítico que nos encontramos a preparar, no qual também serão implementadas, muito em breve, tecnologias de deteção de viagens realizadas por menores, estilo de condução e avaliação da

 

 

 

 

 

 





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